A Justiça de Alagoas tornou réus 11 dirigentes de torcidas organizadas por organização criminosa, após casos de violência e explosões de bombas caseiras pelas ruas de Maceió. Nos últimos dois anos, a polícia apreendeu pelo menos 50 bombas na capital. Três pessoas morreram nesses ataques.

Uma bomba dessas bombas também mutilou a mão de um catador de latinhas. Ela estava escondida em uma lixeira.

“Como eles não conseguem acessar os estádios de futebol, com os artefatos, eles acabam — dias antes — deixando eles escondidos nas proximidades [dos estádios]. Quando eles conseguem ter oportunidade, eles vão lá, alcançam esses artefatos que eles sabem onde previamente esconderam, para usar na guerra”, explicou Lucimério Barros Campos, delegado de polícia.

“Aquela associação de pessoas ali, ela tinha perdido completamente a relação com o futebol, e estava tendo uma relação agora com a criminalidade", disse o delegado.

Segundo as investigações, nas sedes das organizadas, os falsos torcedores fabricavam as bombas. Em conversas obtidas pelo Fantástico, um deles diz: “Demorou, mas eu já tô chegando lá pra nós tá fazendo aqui as bombas".

No dia em que o catador foi atingido, eles colocaram fotos do ferido nesse grupo de mensagens e fizeram comentários com risadas.

 

Crime e intolerância

No dia 4 de maio de 2023, o CSA perdeu para o Confiança numa partida da Série C do Campeonato Brasileiro. Logo depois do jogo, o torcedor Pedro Lúcio dos Santos, conhecido como “Peu”, foi atacado, segundo a polícia, por 12 homens da torcida do CRB, após comer numa lanchonete ao lado do estádio. Espancado com pedras, paus e barras de ferro, ele morreu três dias depois.

Peu era torcedor do CSA e pai de um goleiro das divisões de base do CRB. As investigações descobriram que, horas antes desse ataque, o mesmo grupo investiu contra um motoqueiro, só porque ele estava com uma camisa do time azulino.

Este mês, a Justiça aceitou a denúncia e manteve 15 prisões. Eles se tornaram réus por organização criminosa, uso indevido de símbolos oficiais e associação para o tráfico. As torcidas do CRB e do CSA também não podem vender produtos, nem entrar no estádio.

“Os presos, eles eram peças-chave, eles eram da diretoria, eles eram presidente, vice-presidente das torcidas organizadas”, explicou a promotora Sandra Malta.

Em nota, a torcida organizada Comando Alvi-Rubro, do CRB, disse que não foram encontrado nenhum material ilícito na sede e que não busca a impunidade dos criminosos, mas quer um processo justo.

A torcida Mancha Azul do CSA também afirma que nada de ilícito foi encontrado na sede. No caso das bombas, os nove suspeitos presos não ligação com a entidade e que, em nenhum momento, foi procurada para esclarecer tais acusações.

*Com Fantástico