Promotor de Justiça e escritor Geraldo Magela, lamenta abandono na preservação de prédios históricos de Arapiraca

19/03/2024 15:07 - Roberto Gonçalves
Por Roberto Gonçalves
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O promotor de Justiça aposentado e escritor Geraldo Magela Pirauá em artigo encaminhado ao blog, lamenta o abandono no cuidado da preservação da história de Arapiraca que está completando em 30 de outubro deste ano, o seu primeiro Centenário de emancipação política. 

Na integra, o lamento do escritor:

 

“Cidade sem memória 

Geraldo Magela Pirauá, procurador de justiça aposentado.

Faz anos, e não são poucos, que caminho pelas ruas de Arapiraca. Quase cinco décadas. As casas, boa parte delas, eram no Centro. Residências, algumas que deveriam, como memória, ser preservadas, constituindo-se patrimônio da cidade, por sua importância histórica, foram demolidas. Residências, cujos moradores construíram a grandeza desta cidade e, cujas construções foram um marco no processo de crescimento da urbe, não mais existem.

A casa, em estilo inglês, imponente, bela e marcante, outrora lar da família do Sr. Valdomiro Barbosa, situada na avenida João Ribeiro Lima, é uma delas. Sempre vi, naquela edificação, o símbolo do apogeu da cidade que se fazia grande.

Outro casa, no centro da cidade, ocupando um bom espaço, da família Albuquerque. Muro baixo, de esquina, entre as ruas do estudante e a Fernandes Lima.  Casa grande, moderna para a época, e que teve uma importância, pela relevância de seus moradores, nos acontecimentos políticos da cidade. Marca, também, enquanto construção, a busca da inovação no construir da nova urbe.

A residência, na Praça Marques, onde morava João Lúcio,alcaide de Arapiraca, deputado, senador, grande político que soube liderar grupos e defender a terra do fumo, como poucos. Sua história precisa ser contada em livro, dizendo de sua luta e de sua origem, para que não se apague no decorrer do tempo. Grande líder e carismático. Sua residência, local onde recebia o povo, e onde tomava decisões políticas, marco de uma época, referência de uma praça e de uma cidade, não mais existe. Essas casas não mais existem, elas foram marcadores de um processo histórico, ainda recente. Constituíram memória de uma época. 

 

A cidade, e o processo histórico não para, prossegue. A câmara de vereadores, já é em outro local. A sede da prefeitura é em prédio moderno. A sede antiga, preservada enquanto edificação, funciona hoje, sendo pouco visitado, ainda desconhecido de muita gente, um museu. Ali, naquele prédio, despachou, ainda o alcancei, Higino Vital, grande líder político. 

 

A história de Arapiraca, e os líderes que a fizeram, precisa ser escrita e ensinada. As edificações, desde que tenham valor histórico, político, e cultural, precisam ser preservadas.  A cultura do fumo, a história da energização de Arapiraca, com seus motores, e a telefonia, precisam, com urgência, pelo novo alcaide, ser restauradas. Ter um local, reunir o que se possa conseguir, exibir e narrar com orgulho. Essas memórias representam o avançar de um povo e as gerações atuais e as futuras precisam saber a luta e o suor derramado”.

 

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