Você já parou para pensar o quanto o dia de hoje é importante para a humanidade? O impacto do nascimento de Jesus é um fato tão relevante que o nosso tempo histórico, a Era Cristã, passou a ser contado a partir dele. Em seu nome, impérios caíram e prosperaram, guerras santas foram travadas e conquistas além-mar desenharam um novo mapa do mundo. Mas nada é mais poderoso que a sua palavra, sua mensagem de amor e fraternidade que permanece viva apesar de tantas mudanças ao longo dos séculos.
É bem verdade que temos enfrentado desafios imensos. A narrativa central do cristianismo, baseada na harmonia e na união, é colocada à prova a cada novo conflito que ameaça a paz entre os povos. Nos últimos anos, o avanço da ciência e da tecnologia vem criando gerações cada vez mais distantes do que costumamos chamar de espírito natalino. Confesso que tudo isso me assusta.
Sou uma pessoa de muita fé. Os ensinamentos fundamentais do cristianismo sempre me guiaram, mas respeito todas as religiões e credos. Só acho que ninguém pode viver racionalizando tudo o tempo todo. É preciso alimentar o intelecto e a alma, por isso mesmo reverencio muito o Natal. Acredito muito em valores como compaixão, generosidade e solidariedade. Sou daquelas que seguem achando que tudo isso contribui para essa atmosfera de amor e comunhão entre as pessoas, a cada final de dezembro.
Sei que muitos podem pensar que as tradições natalinas são puro clichê. Eu não me importo, sério mesmo. Trata-se de algo tão potente que se espalhou por diferentes culturas e povos, adaptando-se a várias práticas e costumes locais ao longo dos séculos. A troca de presentes, por exemplo, tem raízes históricas que remontam a gestos de reconhecimento e gratidão. Simboliza a alegria de compartilhar e expressar afeto, fortalecendo laços, a exemplo dos Três Reis Magos que reverenciaram Jesus ainda na manjedoura.
O espírito natalino inspira cuidados com quem se ama. Entre familiares, entre amigos, na própria comunidade. Não é à toa que diversas campanhas, ações voluntárias e de apoio a quem precisa são lançadas e estimuladas a cada ano. Muitos indivíduos e organizações se mobilizam para ajudar aqueles que enfrentam dificuldades, o que reforça vínculos de fraternidade e empatia.
Tudo isso reafirma também o sentido de renovação e esperança que o Natal traz em sua essência. O nascimento do Messias, para muitos de nós, representa um momento de reflexão, de perdão e de reconciliação, inclusive com a gente mesmo. Sabe aquela chance de se perdoar? De olhar para dentro e perceber o quanto precisamos nos amar para que, de fato, possamos amar aos outros como convém a todo cristão, a todas as pessoas.
Mais do que uma celebração religiosa, minha gente, a data de hoje precisa ressaltar a prática do amor em suas diversas formas, contribuindo para a aproximação entre os seres humanos e para a construção de um mundo mais acolhedor e mais verdadeiro. Abraçar as pessoas pessoalmente, para além das telas do telefone ou do computador. Cumprimentar, agradecer e amar, sem esperar nada em troca.
Mas além de cristã, eu também sou nordestina e alagoana. Não posso falar sobre o Natal e não lembrar que essa época do ano também inspira nossos folguedos. Somos um estado repleto de manifestações folclóricas, com suas narrativas ricas e diversificadas, que refletem a história, as tradições e os costumes de um povo único. Não por acaso, temos o nosso próprio Auto de Natal.
Quem nunca ouviu falar do Guerreiro Alagoano? Uma mescla do Reisado, do Pastoril e da Chegança, dentre outros, com sua coreografia ritmada, espécie de dança teatralizada que retrata a jornada de inúmeros personagens em torno do nascimento do Menino Jesus. Todas essas encenações são realizadas por grupos comunitários que envolvem bairros, cidades, povoados e são uma maneira de reviver e compartilhar o espírito natalino de maneira coletiva.
Eu poderia falar e escrever muito mais sobre a importância dessas celebrações e tradições. Mas prefiro renovar aqui meus desejos de um 25 de dezembro repleto de fé e de confraternização para todos. Que as pessoas mantenham vivas suas tradições e seus valores, reverenciando Aquele que nasceu e morreu para nos salvar. Feliz Natal com muitos significados para todos nós!