O amor acabou. Não demorou muito para o caso da mina 18, que aparentemente seria uma trégua política, virar novamente uma série de ataques envolvendo o prefeito JHC, o governador Paulo Dantas, o senador Renan Calheiros e o ministro dos Transportes Renan Filho. As falas, algumas um pouco ácidas, feitas em entrevistas e redes sociais, neste momento revelam, sim, um tom oportunista, já que o que está em jogo são as vidas de cidadãos alagoanos.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, também se manifestou no X (antigo Twitter) e disse que, quando foi governador de Alagoas, nunca topou fazer acordo pecuniário e financeiro com a Braskem, “porque não tem sentido enquanto todas as pessoas da região não forem indenizadas”.

Ainda em sua fala, Renan Filho afirmou que há pessoas que ainda não foram indenizadas e bairros próximos às minas “que não sabem porque ficaram fora da área que precisou ser evacuada. Já houve um acordo entre a Prefeitura de Maceió, o MP e a empresa que o Estado se recusou a assinar, recebeu R$1,7 bi e agora a mina volta a sem movimentar, o que traz muita dúvida para o cidadão, por isso a CPI é fundamental para investigar profundamente”.

Em live, durante sobrevoo na área da mina 18, o prefeito JHC criticou a divulgação de fake news e afirmou que “até o Governo do Estado está propagando o que não é verdade. É mentira, e isso só prejudica nossas ações”.

JHC defendeu que a evacuação da área só foi possível devido ao planejamento feito lá atrás.

Nas redes sociais, o senador Renan Calheiros disse que “Maceió vive há seis anos aterrorizada com os frequentes abalos e realocações coercitivas, ampliação das fendas e tremores, e isso não começou ontem, não foi da noite para o dia. A Prefeitura de Maceió, o tempo todo, minimizou os crimes da Braskem e alegava não haver mais riscos para a sociedade”. 

O senador seguiu afirmando que “a Prefeitura mentiu e fez um acordo com a Braskem e o Ministério Público, deu quitação plena à empresa, entregou ruas, praças públicas e os terrenos dos bairros afetados para uma posterior utilização no mercado imobiliário”.

“É surreal que, no momento em que o mundo discute os problemas ambientais na COP 28, Alagoas seja vítima de uma ação criminosa de uma mineradora que continua impune”, disparou Renan. 

Vale salientar, no entanto, que o senador “esqueceu” de citar que a Braskem está na COP 28 a convite do presidente Lula.

Já em entrevista à Band News, o governador de Alagoas, Paulo Dantas, afirmou que o Governo não fez “nenhum tipo de acordo com a Braskem, só fazemos isso se houver transparência e envolver todos os afetados”. Acrescentou, ainda, que a Prefeitura de Maceió fez um “entendimento de maneira isolada e deixou todos os afetados para trás. Não vamos e não admitimos isso. A prioridade são as vítimas”.

Questionado sobre o porquê de, em 2018, quando houve o primeiro tremor de terra que resultou na destruição de cinco bairros de Maceió, o Executivo estadual não ter tomado uma atitude, Dantas falou que o Governo de Alagoas tomou todas as providências e nunca aceitou nenhum tipo de acordo, pois nunca houve clareza sobre a indenização justa das vítimas do caso Braskem. “Nós não vamos permitir que a Braskem venda suas ações antes de resolver o passivo com o povo de Alagoas”.