Não se pode dizer que o deputado Arthur Lira se saiu mal, na longa entrevista que concedeu ontem no Roda Viva, da ótima TV Cultura.

Só que ele passou boa parte do programa tentando explicar ou se defendendo das acusações que sofre na área policial, tão presente na atividade política por esses tempos – e já há um bom tempo.

É verdade que os jornalistas, ótimos profissionais que lá estavam, optaram por abordar as questões mais incômodas para Lira, como os kits de robótica, o orçamento secreto e coisas do gênero, que, por óbvio, se fundem com a seara policial.

Por mais de uma vez, ele insistiu na afirmação de que há uma “criminalização da política”, mas há de entender que essa não é uma invenção da imprensa, mas dos próprios políticos – ou de parte deles, que continuam sem conhecer a força da lei.

O mesmo discurso do seu inimigo/adversário Renan Calheiros, ainda que este parta sempre para o ataque.

Agora mesmo estamos vivendo, em Alagoas, um momento muito delicado, em que o governador do Estado, Paulo Dantas, pela segunda vez, é apontado pela Polícia Federal como chefe de um esquema que teria desviado R$ 48,3 milhões dos cofres públicos - via funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa.

E não diz uma palavra sobre isso, até por que não é cobrado por aqui.

A pergunta é: a questão é política ou policial?

Eu diria que é policial, envolvendo políticos de grosso calibre (perdoem o trocadilho).

Continuo achando que a solução para problemas dessa natureza – criminais –, envolvendo políticos sempre será política, e deve fazer parte do aprendizado político dos cidadãos comuns. 

Mas, por ora, não podemos abrir da polícia.