José Bezerra - Estudioso do Cangaço
José Bezerra - estudioso do cangaço

A cidade de Craíbas no Agreste de Alagoas na década de 30, um simples povoado, foi palco no dia 19 de abril de 1938 da invasão, saque e do último tiroteio do grupo de Virgulino Ferreira da Silva – Lampião com as forças volantes de Alagoas. A informação é do pesquisador e estudioso do Cangaço, José Bezerra que participa de todos os encontros de estudiosos do Cangaço em cidades do Nordeste.

Três meses depois, o grupo da “Rei do Cangaço e mais 10 cangaceiros após empreenderem a rota de fuga de Alagoas se refugiarem na grota de Angicos, eram surpreendidos, tocaiados e exterminados pela volante comandada pelo tenente João Bezerra da Policia Militar de Alagoas em Poço Redondo – Sergipe na madrugada fria do dia 28 de julho de 1938.

No dia 19 de abril de 1938, o então pacato povoado de Craíbas era surpreendido pela invasão do grupo de Lampião acompanhado de 16 cangaceiros fortemente armados. As residências das pessoas mais abastardas eram invadidas pelo grupo de cangaceiros para saquear tudo que podiam levar, dinheiro, joias, armas e munições.

Dona Izabel com apenas oito anos foi testemunha ocular da história

Dona Izabel Alexandrina
Dona Izabel Alexandrina

Dona Izabel Alexandrina de Melo, atualmente com 94 anos, ainda lúcida, residente em Craíbas, na época com oito anos de idade, conta que o grupo de cangaceiros invadiu a casa de sua tia, reviraram tudo no interior da casa. “Fiquei tremendo como vara verde em um canto da casa chorando” contou Dona Izabel.

Nesse dia seria celebrado um casamento, que acabou não acontecendo. O pároco de Arapiraca era padre Epitácio Rodrigues que seguia a cavalo para o povoado para celebrar a cerimonia.

O religioso foi avisado por moradores da região sobre a presença do grupo de Lampião no povoado e de imediato retornou a Arapiraca e avisou as três volantes que estavam em Arapiraca comandadas pelo tenente PM Porfírio que imediatamente, seguiram para o povoado para enfrentar e combater a grupo de cangaceiros.

Antes, o grupo de cangaceiros abordou o agricultor Nicolau, perguntando se ele possuía armas em sua casa, diante da negativa do homem amedrontado, o grupo decidiu invadir sua casa, constatando que existiam armas e munições, após se apropriarem dos pertences do agricultor, Lampião decidiu punir o homem por haver mentido, arrastando em um cavalo pela rua até as margens de uma lagoa para sangra-lo.

A sorte de Nicolau, foi o aviso do padre Epitácio a volante do tenente Porfirio em Arapiraca que surpreendeu o grupo de Lampião com uma saraivada de balas de fuzis.

O grupo de cangaceiros decidiu fugir em disparada montados a cavalos diante da reação das três volantes da Policia Militar e o agricultor Nicolau foi salvo de ser assassinado. O sanfoneiro Artêmio que seria o animador da festa de casamento, colocou sua sanfona em uma saco de farinha e escondeu para não ser levada pelo grupo de cangaceiros.