O mês de Março é conhecido pela cor Azul-Marinho em conscientização ao câncer colorretal, o terceiro tipo mais comum no Brasil. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, em 2023, 430 casos da doença devem ser diagnosticados em Alagoas.

Este é o segundo tipo mais comum em homens, com uma incidência de 13,08 casos por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do câncer de próstata, que tem taxa de incidência de 57,15 casos por 100 mil habitantes. Já nas mulheres, o câncer de cólon e reto é o terceiro tipo mais comum, com incidência de 12,48/100 mil habitantes, atrás apenas do câncer de mama (39,23/100 mil hab.) e de colo do útero (20,91/100 mil hab.).

Ao CadaMinuto, o oncologista André Luiz Pereira Guimarães explicou que os principais sintomas do câncer colorretal são dores abdominais vagas, cólicas, fezes com sangue, perda de peso e anemia inexplicável.

O médico disse que fatores como a biologia celular e molecular do paciente podem influenciar na agressividade da doença, mas alerta que o câncer colorretal está se tornando cada vez mais comum.

“Acumulam-se evidências de que a localização do tumor primário, do lado direito ou do lado esquerdo do cólon, seja um marcador biológico de valor prognóstico e preditivo que poderia alterar radicalmente o tratamento dos pacientes com câncer colorretal metastático”, pontuou André Luiz.

Segundo o profissional, estudos da European Society for Medical Oncology (ESMO) mostram que pacientes com tumores do lado esquerdo tratados com quimioterapia direcionada tiveram nitidamente melhor sobrevida livre de progressão da doença, sobrevida global e índices de resposta objetiva do que os pacientes cujos tumores primários eram do lado direito e receberam o mesmo tratamento.

Prevenção e exames de rotina

A oncologista clínica Patrícia Amorim destaca que pessoas com 50 anos ou mais, com excesso de peso corporal e alimentação não saudável estão “na mira” da doença. 

“Há outros fatores de risco, mas quem tem na família histórico de câncer de intestino, de ovário, de útero ou de mama precisa ficar atento aos sinais e sintomas. O tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas agravam toda a situação”, reforçou.

Contudo, a médica ressalta que a detecção precoce é uma importante estratégia para evitar o agravamento da doença, por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce) ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. 

A oncologista clínica Patrícia Amorim  / Foto: Cortesia ao CadaMinuto

“O rastreamento dos tumores de cólon e reto (colorretal) pode ser realizado através de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopias)”, explicou.

Tratamento e perspectivas

O tratamento inicial do câncer colorretal, sempre que possível, é feito com cirurgia para a retirada do tumor e, se houver uma extensão para os linfonodos pericólicos (juntos ao intestino), inicia-se a quimioterapia. 

“Já nos estados iniciais metastáticos (cujo sítio preferido para metástases é o fígado, em primeiro lugar, e depois os ossos) começa-se o tratamento com a quimioterapia e, às vezes, com novas drogas chamadas de células-alvo, ou com a imunoterapia”, esclareceu o oncologista André Luiz.

Exames periódicos

O médico orienta a realizar, ao menos, uma colonoscopia a partir dos 50 anos, mas alerta que essa instrução é para pessoas sem histórico de câncer colorretal na família: “Para pessoas com histórico de parentes (pais, avós, irmãos), a conduta é iniciar a colonoscopia mais cedo, a depender de uma boa consulta com um gastroenterologista”.

Para prevenir a doença, o oncologista recomenda hábitos saudáveis e a adoção de uma alimentação adequada, com boas fibras e pouca comida industrializada.