Entre as tradicionais resoluções de Ano Novo que começam a ser colocadas em prática em janeiro estão a de organizar as finanças pessoais e conseguir investir ou economizar, seja para realizar um sonho ou simplesmente sair do vermelho. Neste começo de ano, a educadora financeira e mentora em finanças pessoais para mulheres, administradora e especialista em Gestão financeira pela FGV, Thayse Clímaco, conversou com o CadaMinuto sobre os principais erros cometidos pelas pessoas em relação ao planejamento financeiro.
A reportagem também ouviu duas mulheres que tiveram as vidas financeiras modificadas depois que começaram a aprender sobre finanças pessoais e ter maior clareza acerca das próprias metas.
Mudança de pensamento
A sensação “geral” de que os ganhos não são suficientes para os gastos faz parte da vida de muitas pessoas, independente de quanto elas recebem. Segundo Thayse, para que isso não aconteça é preciso adotar algumas medidas, umas delas é viver “um padrão abaixo, sem comprometer todo o salário com parcelas e contas e viver dentro de um planejamento financeiro, que não é apenas o estabelecimento de metas”.
“Esse é um erro comum das pessoas. Achar que organizar as contas e fazer promessas é um planejamento. Por exemplo: vou poupar R$ 100,00 por mês e no final do ano vou comprar um item novo. A pessoa estabelece a meta e não cumpre porque de fato ela não analisou o seu orçamento doméstico do mês atual e dos meses seguintes, porque ela replica o que outras pessoas falam e fazem e não se conhece o suficiente para estabelecer metas pessoais que façam sentido para sua vida, metas de gastos e de investimentos que estejam conciliadas com seus valores e princípios de vida”, explicou.

Para a educadora financeira, outros grandes erros são sair cortando tudo que gosta e a falta de acompanhamento do planejamento. “É preciso dedicação de tempo para que se faça possíveis melhorias durante a jornada, para que se busque novas formas de fazer dinheiro, para que o planejado se torne realidade. A vida evolui, o conhecimento evolui e os planos precisam acompanhar essa evolução”.
Para começar a mudar o próprio comportamento em relação ao dinheiro, o primeiro passo é, segundo a especialista, aprender a lidar com o dinheiro que já possui. “Lendo, estudando, fazendo cursos e treinamentos, buscando ajuda de um especialista. A partir do momento que a pessoa começa a se aprofundar no estudo, seja em que área for, ela descobre um mundo totalmente novo, cheio de novas possibilidades. Várias respostas que estavam ali tão perto, mas que ela não enxergava por causa da falta do conhecimento, começam a surgir. E consequentemente a sua mente se abre. Novos pensamentos surgem e uma verdadeira mudança na sua forma atual de pensar começa acontecer”, garante.
Pés no chão
A pedido do CadaMinuto, Thayse também falou sobre as perspectivas para a economia de Alagoas e do país neste ano, a partir do que já foi anunciado pelos governos estadual e federal.
“Sempre que há uma mudança de governo, independente do grupo politico que assuma, há um movimento de esperança para alguns e desesperança para outros. Diante de alguns anúncios que já foram feitos pelos governos, das primeiras mudanças já apresentadas, da previsão do Banco Central para o aumento da inflação e da Taxa Selic (que é a taxa mãe da economia e que orienta o movimento de várias outras taxas), da reação do mercado financeiro diante da conjuntura atual, o momento é de cautela.”
Segundo ela, mesmo com o aumento do salário mínimo, que já tinha tido a medida assinada no ano passado, no governo anterior, as pessoas precisam manter os pés no chão e agir de forma mais racional.
“Focar em construir uma reserva financeira é uma boa decisão para esse momento, pois a pessoa se prepara para não precisar recorrer a empréstimos, por exemplo, dentro desse movimento de juros altos. Agir de forma menos eufórica nesse momento, onde o país crescerá sim, mais de uma forma mais lenta, e onde o mundo inteiro vive um movimento de juros altos, é muito mais sensato”, concluiu.
Clareza, palavra-chave
Cátia Caires, corretora de imóveis e formada em psicologia, descobriu a necessidade de buscar uma mentoria em finanças pessoais ao seguir o conteúdo de Thayse nas redes sociais participar de um treinamento online.
“Eu não era endividada, mas me faltava um olhar mais preciso sobre a minha real situação financeira enquanto pessoa física e quanto ao meu negócio. Só tinha uma conta corrente, era tudo misturado, além das contas da casa. As despesas essenciais e as flexíveis eram misturadas, não tinha projetos ou sonhos futuros relacionados a um montante financeiro maior, como por exemplo, fazer uma viagem em família para o exterior ou investimentos financeiros. Como profissional autônoma e com renda variável, eu achava quase impossível conciliar essas coisas. Após a mentoria eu pude ter clareza, essa para mim é a palavra-chave!”, relatou Cátia.

Para a corretora, a frase ‘Se você não sabe para onde quer ir, qualquer lugar serve’ se encaixa também na vida financeira, “pois é inconcebível alcançar seus objetivos financeiros sem metas, sem saber quanto se ganha, quanto e onde se gasta e também investir com segurança”.
“Ter a tranquilidade de uma reserva para emergência, um planejamento para uma aposentadoria, poder viajar e ter uma vida mais equilibrada e feliz são alguns dos motivos pelos quais eu recomendo que quanto antes as pessoas possam enxergar sua vida financeira com clareza para saber onde se está e para onde ir”, ressaltou.
Agora em 2023 Cátia espera poder colocar em prática os sonhos que descobriu ter na mentoria, “mas em primeiro lugar concluir o investimento na reserva financeira, ter um percentual mensal destinado a aplicações e, por último, mas não menos importante, investir em imóveis, porque eu realmente acredito que é possível escalar e rentabilizar o patrimônio de maneira eficaz com investimento imobiliário”.
Divisor de águas
A enfermeira Thayná Samilla dos Santos contou que foi a sua “desorganização financeira” que a levou a procurar uma mentoria em finanças. “Odeio planilhas e só de pensar em guardar dinheiro, já desistia da ideia. Sou servidora pública federal e ganho relativamente bem em comparação à maioria dos brasileiros. Porém, nunca tive educação financeira, apesar de ter mestrado, nunca me foi ensinado sobre dinheiro, mas sempre tive muita vontade de aprender a investir, como ganhar mais dinheiro”.

Ela relatou que sua vida financeira era totalmente desorganizada, com gastos excessivos no cartão de crédito e sem fazer contas. “Pra ter noção, eu fiz um empréstimo consignado e não sabia nem a taxa de juros dele. A partir da mentoria nós calculamos minha vida na planilha, vimos meu empréstimo, aprendi sobre taxa Selic e IPCA, aprendi a investir e hoje tenho até investimentos no exterior. Eu realmente mudei minha mentalidade para minhas finanças. Foi um divisor de águas na minha vida. Hoje sou outra pessoa, muito mais consciente da importância de sabermos mexer com nosso dinheiro, e o melhor, continuar usufruindo de tudo”.
Antes temerosa quando o assunto era investir, agora o plano de Thayná para este ano é investir o dobro de 2022. “Tenho planos ainda maiores que o ano passado. Quero estudar mais sobre investimentos e empreendedorismo. Espero que esse ano seja ainda melhor que 2022 e para mim 2022 foi incrível, pois pude aplicar tudo que a Thayse me mostrou na mentoria”.
A enfermeira finalizou com uma dica para quem começar: “Estudem sobre investimentos, taxa Selic, IPCA, como cuidar melhor do seu dinheiro, tenham uma previdência privada e chamem alguém pra ajudar vocês nessa jornada. Será incrível”.