Meu Jesus Amado, tende piedade de Arapiraca, terra de gente laboriosa e acolhedora, a segunda maior economia do Estado, segundo maior colégio eleitoral de Alagoas. Expressivo polo populacional, contando atualmente com a mais de 230 mil habitantes. Mas tudo isso parece não ter nenhum significado perante os “caciques” detentores da hegemonia política alagoana, que só lembram de Arapiraca quando precisam de votos, mercadoria que Arapiraca tem aos montes.
É bom lembrar que Arapiraca nunca teve um governador filho da terra, e sequer teve um vice-governador, os menos avisados devem saber que o ex-vice governador Luciano Barbosa, prefeito de Arapiraca pela terceira vez, não é natural de Arapiraca, e sim da nossa vizinha Palmeira dos Índios. Eu torci muito para que um(a) filho(a) de Arapiraca estivesse no comando da prefeitura por ocasião dos festejos do seu Primeiro Centenário, mas ficou apenas no sonho... O arapiraquense não deu atenção ao detalhe, e não pensou na importância afetiva disso.
Acho que algo errado vem acontecendo com Arapiraca, algo errado que precisa ser reparado, o povo arapiraquense precisa abrir mais os olhos para colocar as coisas nos seus devidos lugares, e, desta forma evitar ser contumazmente explorada eleitoralmente. Para mostrar claramente a realidade ora abordada, basta ver o mapa eleitoral mostrando que em Arapiraca, 75% dos votos para deputado federal saíram para candidatos de fora, e mesmo contando com 146.879 eleitores, Arapiraca a fórceps elegeu apenas um Deputado Federal, deixando para trás um experiente Severino Pessoa e um Gilvan Barros, que muito poderiam lutar em prol dos interesses da Terra de Manoel André. Arapiraca deixou de ter três bons deputados no Congresso Nacional.
Em dizer que Arapiraca precisa urgentemente rever seus posicionamentos no tocante a política, objetivando seu empoderamento e sua ressignificação no cenário político alagoano, não permitindo mais ser vilmente explorada, sugada como cana na moenda e depois jogada fora como desprezível bagaço e nada mais.
Outro dado que nos chama a atenção é a representação de Arapiraca na Assembleia Legislativa do Estado, que outrora chegou a contar com seis deputados, eu estava incluso nessa bancada, e atualmente, temos apenas dois deputados no Parlamento. Que dizer, estamos perdendo preciosos espaços no contexto político, estamos evaporando.
E para comprovar o desprestigio de Arapiraca, agora mesmo, com a apoteótica eleição do doutor Paulo Dantas, confesso que esperava que Arapiraca desta feita fosse lembrada e regiamente prestigiada com expressivos cargos para compor o staff do governo, mas para minha e também geral tristeza, dos cargos de primeiro escalão todos já preenchidos por 14 mulheres e 12 homens, nenhuma mulher e nenhum homem de Arapiraca foi sequer lembrado, com certeza não por falta de qualificação, mas sim por desprezo ao povo de Arapiraca. Desculpe, meu ínclito governador, Vossa Excelência perdeu uma grande oportunidade de reconhecer as pinaculares virtudes de um povo merecedor de respeito e reconhecimento dos seus méritos. Mesmo assim, rogamos a nossa Excelsa Padroeira Nossa Senhora do bom Conselho, que o ilumine no mister de governar o nosso notável Estado de Alagoas.
ISMAEL PEREIRA - é artista plástico, escritor e bacharel em Direito.