Entre as muitas tentativas de desacreditar as acusações contra Paulo Dantas – lembrando que ainda não há uma sentença definitiva sobre o caso – uma se destaca pela esperteza: apontar uma suposta semelhança entre a situação vivida por ele e a brutal injustiça cometida contra Lula.

O ex-presidente - e isso já está fartamente comprovado - foi vítima de um processo viciado, que tinha como objetivo eliminar da vida política brasileira a maior liderança popular da história do país.

É lembrar que o próprio Lula já admitiu que havia desvios na Petrobras. O que, aliás, lamentavelmente sempre houve desde que a estatal foi fundada – na fase democrática do governo de Getúlio Vargas (1953).

Ao fim e ao cabo, o petista voltou ao proscênio político com chances reais de ganhar de novo a presidência da República. É claro, sendo alvo do mesmo ódio de sempre dos virtuosos de plantão.

O caso de Dantas é completamente diferente: a acusação que resultou no seu afastamento – que pode ser revertido – é de desvio de dinheiro público na Assembleia - R$ 54 milhões -, o que nunca deixou de acontecer por lá, também.

Só que há muita confusão de informações na imprensa nacional, alimentada por “informantes” locais. 

A começar pelo início da investigação que levou à decisão liminar do STJ. 

A referência a 2017 diz respeito à Operação Sururugate, cujos depoimentos eu publiquei integralmente, em 2018.

O esquema investigado na Operação Edema é “novo”, de 2019, apesar das semelhanças com o primeiro.

Deixo claro: Dantas pode ser inocente como um anjo, nessa história, mas não se pode dizer que há um inquérito criado para destruí-lo, politicamente.

A lembrar: em 2017 ele era “apenas” o filho de Luiz Dantas; em 2019, tão somente um seguidor de Marcelo Victor.

O STJ pode, sim, ter errado ao tomar a decisão agora, mas não amou um esquema para eliminar um grande líder político do país. 

O que já se sabe do inquérito sigiloso é assustador.