Desde que se licenciou do Senado e assumiu a coordenação da campanha de Renan Filho e Paulo Dantas, Renan Calheiros passou a dar o tom, a forma e o conteúdo da campanha eleitoral em Alagoas.
Digo de imediato: não há nada de criminoso no que Calheiros vem fazendo (dentro das regras do meio). É do jogo político, em que sempre se busca o poder – principalmente quem o já tem, e pela primeira vez em Alagoas.
O senador do MDB age com a destreza de um profissional que sofreu as dores de ser derrotado, sem chance de reação. Perdeu duas eleições para o Executivo, em 1988 e em 1990, mas ganhou um aprendizado que hoje pratica com raríssima habilidade.
O que aconteceu a partir do momento em que Calheiros voltou-se inteiramente para Alagoas?
É notável a movimentação que as campanhas, de forma geral, ganharam ou foram obrigadas a assumir.
Entre os ensinamentos que ele vai praticando está a divulgação de informações que fazem abalar as hostes adversárias – até mesmo prescindindo, na origem, das tão óbvias redes sociais.
Todo dia tem “novidade”, e não será ele a trazê-la a público. Calheiros tem uma extensa rede de mensageiros e de partidos “amigos”, que cumprem esse papel de forma disciplinada e persistente. Espalhar a cizânia não é arte do demo - é dos homens. As regras desse meio, no entanto, não são as mesmas seguidas pelo homem comum.
Ora direis: isso é Maquiavel?
Não creio.
O senador nunca foi conhecido exatamente pelas leituras que por ventura tenha feito. Parece mais, e assim imagino, que ele possui e exercita a inteligência da esperteza - e como poucos por essas bandas.
Por enquanto, Calheiros conseguiu botar seus adversários (alguns até inimigos figadais) nas cordas. E estes precisarão como nunca de estratégia e força para sair delas.
Na melhor definição de um calheirista histórico (dito a mim):
- Numa eleição, feio é perder.
Alea jacta est.
(Ele só não vai mexer com Collor, anotem.)