Escritor Geraldo Magela Pirauá lança seu primeiro livro de contos e crônicas

26/05/2022 10:17 - Roberto Gonçalves
Por Jornal de Arapiraca
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Geraldo Magela Pirauá é um arapiraquense de coração bastante reconhecido na cidade, tanto pelo seu trabalho à frente da 3ª Procuradoria de Justiça Criminal de Arapiraca, como Promotor de Justiça, quanto pela sua condução do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, como provedor e, mais recentemente, como escritor através das crônicas publicadas neste jornal. 

A escrita literária tem feito parte da sua rotina e ultrapassou o espaço do Jornal de Arapiraca. Agora, o escritor se prepara para lançar seu primeiro livro de contos e crônicas e contou com exclusividade para nossa equipe o que o público irá encontrar no “Contos e Crônicas - Nos contos, a ficção de uma realidade possível; nas crônicas, os relatos da minha existência: o que vivi, o que pensei, o que sonhei…”.

O livro reúne 12 contos e mais de 50 crônicas ambientadas nas cidades que fazem parte da vida do escritor, Porto Calvo - da sua infância e Arapiraca - que reside há mais de 45 anos. O lançamento da obra será em Arapiraca, no dia 15 de junho, no Auditório da Unimed, às 19h. 

Ao falar da sua obra primogênita, Magela Pirauá revela que o seu objetivo com a escrita de contos era criar uma ficção de uma realidade possível. “Esses contos eu procurei uma ficção de uma realidade possível. Seria eu um escritor e eu só poderia dizer a mim que sou escritor se eu pudesse criar uma história, em que essa história pudesse ser possível até mesmo de ter acontecido. Algumas pessoas que leram e viram os contos pensam que pudessem se tratar de histórias verdadeiras, nesse momento eu entendi que eu havia atingido o meu objetivo e poderia, de uma forma bastante modesta, dizer que a partir daquele momento eu me considerava, com muita humildade, um escritor”, explica.

Arapiraca se transforma em cenário para seus contos, como Crime e Culpa, inspirado na obra Crime e Castigo do Russo Fiódor Dostoiévski, que trata o sofrimento de um estudante que comete um crime. Outra história retratada na capital do Agreste é a “Empresário” que conta a vida de um empresário bem sucedido na cidade que lida com um vício e necessita da ajuda da sua família. Essas e outras histórias retratam o dia-a-dia observado por ele. 

A sua infância nas igrejas da cidade histórica de Porto Calvo, o inspirou para o primeiro conto do livro, “O Padre", que relata a vivência de um sacerdote que tem um relacionamento amoroso. Para os que já tiveram o privilégio de lê-lo, o conto pode ser considerado sua obra prima. O artista plástico Ismael Pereira, responsável pelo prefácio, sugeriu até que ele o transformasse em um romance, por ser uma história que renderia mais do que as quatro páginas reservadas para ela.

 

O Ofício da Escrita 

 

Metódico, Magela trata a escrita como um ofício que necessita de disciplina tanto quanto de criatividade. Exercitou o hábito para a produção das crônicas publicadas no JA e hoje reserva o dia de domingo para se dedicar ao ofício de escrever. 

O processo de criação é alimentado por ele, geralmente, aos sábados em que começa a visualizar o que será escrito, sem anotar uma palavra sequer. 

“Eu começo a escrever antes de escrever, eu mentalizo a noite qual assunto que eu vou escrever no domingo, não anoto absolutamente nada. Então, fico com aquilo na cabeça, fico pensando, construindo a frase. O processo de escrita é um processo não diria sofrido, mas a busca do texto perfeito, esse processo tanto quanto criativo é doloroso. As crônicas que as pessoas levam de três a quatro minutos para ler, eu levo uma hora e meia. Se a ideia vem durante a semana, eu vou alimentando e aprimorando, atée chegar o domingo para escrever. O processo de escrita não deixa de ser disciplina, eu busco colocar o meu sentimento sobre aquele assunto. É um trabalho de volta, para saber se aquela frase está encadeada, se o sentimento está bem colocado. É um trabalho que eu faço antes, durante e depois”, revela. 

Nos seus textos, o ex-procurador busca o que há de mais singelo nele, seus sentimentos e o que o relacionar-se com o outro é capaz de provocar. “O ato de escrever para mim é extrair de mim o meu sentimento, a minha verdade, a minha criação. Esse é o ato de escrever”, conta ao ser questionado sobre o que representa a escrita na sua vida. 

Por ser um leitor ávido, sempre enxergou a possibilidade de ele mesmo contar histórias que considerava serem importantes. “Sempre existiu aquela vontade de escrever, ou seja aquilo que tinha alguma coisa para dizer e através das Crônicas e através de ficção esse livro surgiu, como tudo na minha vida, sem que eu planejasse, ele foi surgindo. O Baía me deu a possibilidade de escrever para jornal, inclusive aqui consta entre as pessoas que instigaram isso em mim nos agradecimentos”, frisou o papel importante que este periódico teve no início da sua escrita, na pessoa do editor-chefe Roberto Baía.

 

Inspiração

A literatura surgiu para o provedor do HRNSBC ainda na adolescência, quando leu A Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo, na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos; se encantou também com as obras de Jorge Amado e a forma de relatar a realidade dos baianos. Ao seguir o caminho jurídico, trocou as grandes obras da literatura pelas peças jurídicas. Retornou aos livros clássicos e novos autores e hoje coleciona uma lista sem fim de obras que pretende ler. 

Além do que conheceu através dos livros, Magela conseguiu se relacionar com o próximo em todos os níveis sociais através do seu trabalho no Ministério Público do Estado de Alagoas e no Hospital Regional. O que lhe inspira na verdade, é o ser humano e seus mistérios. “Para mim, cada um de nós carrega uma história, um sofrimento, alguma coisa que merece ser narrada. Não existe um ser humano que tem uma história que não mereça ser narrada. Eu observo a minha convivência, eu convivo com pessoas de todos os níveis sociais e todas essas pessoas são minha inspiração, tanto para as minhas crônicas quanto para os meus contos”, ressalta.

Ele tem acompanhado também a literatura contemporânea e destaca no Brasil, o premiado Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, e o romance Uma tristeza infinita, do gaúcho  Antônio Xerxenesky. 

Ao ser perguntado sobre o que pretendia com a publicação de seu primeiro livro, Geraldo Magela Pirauá demonstra que, além de um apaixonado pela literatura, alimenta a esperança de que todos, independente da classe social, encontre na literatura, assim como ele encontrou, um alento para a realidade da vida. “O ser humano precisa também da quietude da boa literatura”, defende.

Além do lançamento oficial no auditório da Unimed, o escritor irá fazer um momento na sua cidade natal, Porto Calvo. Ele deseja também, que o seu livro chegue no maior número de pessoas possível. “Vou fazer um lançamento para que Arapiraca possa ler e dizer alguma coisa. Eu também pretendo que esse livro chegue ao máximo possível nas pessoas socialmente afastadas da Leitura, que esse livro chegue ao cara que trabalha no supermercado, no repositor, no embalador, aquele que trabalha nas fábricas; para que eles vejam e conheçam a cidade que eles moram e saber que essas histórias elas podem também ser contadas por alguém que mora aqui. Não tenho a ideia de me tornar conhecido, até porque conhecido já sou muito em Arapiraca, eu queria que as pessoas pudessem absorver que elas podem também fazer exatamente aquilo que eu fiz, escrever sobre a sua cidade”, finaliza.

 

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