Cadeirão de JHC na orla expõe o horror a pobre dos tolos de Maceió

19/01/2022 12:50 - Ricardo Mota
Por redação

Volto a este tema, que me parece banal, por um motivo que não deve ser considerado banal, parte da nossa paisagem humana - pelo menos para mim.

Falo do preconceito, escancarado, revelado tão logo o “povão” se encarregou de comprar a ideia do cadeirão instalado pela prefeitura no chamado espaço instagramável, na Ponta Verde. 

Para desespero dessa parcela da classe média (apenas parcela, repito), que faz parte do povo ainda que rejeite esta óbvia condição, a instalação “na área nobre de Maceió” contribui para a “favelização da orla” - legenda de uma postagem nas redes sociais de uma dessas personagens tolas, que vivem na periferia do poder, ainda que se considere parte da elite e/ou deste mesmo poder.

Para a figura, que integra essa turma, povo se confunde com pobre – e ela tem horror a pobre.

A conclusão sobre a manifesta aporofobia – preconceito contra pobre – é óbvia: foram vários prints que eu recebi, todos com imagens e inscrição “favelização na orla”, além de uma presença comum: pessoas claramente humildes, que seriam estranhas àquele ambiente. Pelo menos na visão evidente dos militantes do “bom gosto” e do “mundo cheiroso” na capital dos alagoanos.

Outras fotos mostram vendedores ambulantes, com seus carrinhos peculiares e a mesma e preconceituosa legenda.

Eu sei que a personagem, autora do desabafo arrogante, e que integra a periferia governamental, representa o pensamento dominante de uma parcela da classe média que vive pela orla, que ela considera território exclusivo dos privilegiados (a elite, propriamente, não anda por lá. Está em praias mais exclusivas).

É lembrar o filósofo Humberto Eco, em um fantástico ensaio sobre a intolerância: “Os ricos produziram, no máximo, as doutrinas do racismo; mas os pobres produzem sua prática, bem mais perigosa”. Isso pode valer para todos os preconceitos, condição de quem se considera superior ao outro/outra, revelando a própria insignificância espiritual, no entanto.

Em tempo:

A cadeira de JHC pode não ser bonita, mas o mesmo não se pode dizer do balanço instalado na Santa Amélia e muito menos da pintura e das lixeiras – de cipó e madeira – no calçadão do Murilópolis.

São iniciativas baratas – talvez por isso desprezada pelos próprios governantes -, mas que fazem bem aos olhos de quem vê e aos moradores da cidade.

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