Se em 2021, os alagoanos já sofreram com a inflação alta, agora em 2022 a previsão não tem sido nada otimista.  As projeções iniciais dos economistas apontam para uma alta mais modesta dos preços, mas nada que deva representar um grande alívio ao bolso da população.

Com isso contas simples, como IPTU, aluguel, energia elétrica, IPVA e outras contas devem pesar no bolso, mesmo com o aumento do salário mínimo. O CadaMinuto conversou com o economista Cícero Péricles para entender o cenário. Veja a entrevista: 

Para 2022, a previsão da inflação é que ela continue alta?

Infelizmente as previsões são pessimistas. O Boletim Focus do Banco Central publicou, esta semana, que a expectativa do mercado financeiro para a inflação de 2022 é de 5,5%, bem acima da meta definida pelo governo para o próximo ano, que é de 3,5%. É bom lembrar que em dezembro de 2020 o mesmo Boletim previa, para este ano que termina, uma inflação de 3% e o resultado final, estamos vendo, é de 10%.

Como essa alta de preços impactou no final dos alagoanos?

A inflação geral, medida pelo IPCA, o índice de preços consumidor amplo, é composto por vários grupos, entre eles os alimentos, transportes, educação, etc. A inflação de alimentos, aquela que mede o peso do grupo de produtos “alimentos e bebidas”, ultrapassa o índice da inflação geral, e a Cesta Básica, que incorpora o custo mensal de deste segmento, medida tanto pela Associação Brasileira de Supermercados, a Abras, como pelo DIEESE, o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos, apontam para números bem maiores.  O índice da inflação nacional é de 10%,mas o impacto regional – estadual – é diferenciado, bem mais expressivo nas regiões mais pobres, de renda menor.

Para esse início de ano, a junção da inflação com as contas de início ano podem provocar um aumento do endividamento?

Existem dois fatores que ajudarão a renda dos alagoanos nos primeiros meses do ano: o reajuste do salário mínimo e o Auxílio Brasil. Como e 80% da população recebe até dois salários mínimos e dependem deste indexador salarial, o reajuste de 10%, passando dos atuais 1.100 para 1210 reais, termina influenciando as contas familiares, tanto para os trabalhadores de carteira assinada como os previdenciários do INSS que têm seus benefícios vinculados ao salário mínimo. Segundo ponto é que existe um número majoritário de alagoanos que dependem dos auxílios federais. O recém lançado Auxílio Brasil aumentou a renda dos que recebiam o Bolsa Família e esse recurso social, por cobrir 480 mil famílias, também impacta nos bolsos da população estadual. Neste caso, a inadimplência e o endividamento devem se manter estáveis

Como as pessoas podem se programar?

A programação financeira de janeiro deve ser feita sempre em dezembro, porque as contas regulares – água, energia, aluguel, internet, condomínio etc  – , se somam as esperadas no começo do ano – IPTU, IPVA, matrículas escolares, etc – mais as contas que chegarão das prestações dos novos compromissos financeiros assumidos no mês de dezembro. A boa notícia é que, mesmo num ano de pandemia forte, como no ano passado, com queda de renda média e desemprego alto, os consumidores têm mostrado um avanço nessa questão, do controle das finanças pessoais, sem apresentar grandes saltos de descontrole, como em anos passados.  

Tem alguma previsão econômica para o primeiro trimestre de 2022?

Para a economia alagoana, o começo do próximo ano se parece muito com os meses trimestre de final de ano. Nos dois primeiros meses, o verão continua, os setores de comércio e serviços realizam suas promoções e “queimas de estoque”, o turismo ainda estará na sua “alta estação”, a safra da cana segue até março, e a construção civil mantém um ritmo razoável. Esta conjuntura tradicionalmente é modificada a partir de março, com a chegada da chuva, com vendas menores, entrada da “baixa estação” do turismo, da entressafra da cana e menor ritmo da construção. Uma conjuntura que se mantém até o mês de agosto.