"Que o medo não me deixe recuar", diz pastora ameaçada de morte após casamento homoafetivo em Maceió

15/12/2021 11:54 - Maceió
Por Raíssa França
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A pastora Odja Barros que realizou um casamento entre duas mulheres em Maceió sofreu ameaças após as matérias sobre o ato religioso ganharem repercussão. A informação foi confirmada pela própria pastora. Em uma das ameaças, o homem chegou a dizer que iria colocar o revólver na boca da pastora. Ao Cada Minuto, a teóloga disse que se a ameaça era para gerar medo e silenciamento, ela está fazendo o contrário. “Estou me sentindo superando o medo”.

De acordo com informações da pastora um homem, que diz ser de Maceió, enviou áudios com ameaças de morte por ela ter celebrado a união homoafetiva.

Ele disse que iria matar a pastora e atirar na cabeça dela com cinco tiros. O homem também enviou uma foto do revólver ao lado da Bíblia. No perfil do Instagram do suspeito tem escrito na BIO: “Cristão”.

Para a pastora, o homem mandou a seguinte mensagem: “Eu vou colocar cinco bala na sua cabeça, viu sua sapatão? Nunca que você é uma teóloga. Nunca, mano! Tu tá usando a Bíblia, mano, que nunca leu um livro pra casar duas mulé [sic]”. Ele também diz que sabe quem é ela e quem são as pessoas próximas dela.

Ele completa dizendo que Deus condena isso em Levítico (livro da Bíblia). Essa não foi a única ameaça que Odja recebeu, mas como considerou-a mais grave, a pastora fez um boletim de ocorrência.

“Ele se diz religioso, cristão e mandou foto com a arma e a Bíblia. Esse tipo de comportamento tem se multiplicado nesse ambiente fundamentalista religioso que estamos vivendo”, afirmou Odja.

Ao Cada Minuto, a pastora disse que ainda se sente assustada e insegura diante da gravidade da ameaça. “Da violência, dos termos e do ataque com anúncio de morte”. Mas ela afirmou que desde ontem com as medidas que estão sendo tomadas a deixam mais segura. 

"Que o medo não me deixe recuar. Eu estou trazendo a público. Isso não ameaça somente a mim pessoalmente, mas as nossas instituições gerais. Nós devemos lutar para garantir o nosso direito", comentou Odja.

Uma das fotos que homem mandou. Foto: Cortesia

Além de formalizar a denúncia, a pastora procurou a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas (Semudh). Na manhã de hoje, ela esteve reunida com a Secretária de Estado da Mulher e Direitos Humanos, Maria José; com o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos - CEDDH, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CEDIM, a vereadora Teca Nelma e o delegado Carlos Reis. 

“Isso me deixa muito vulnerável. Sou pastora, minha atividade é pública. Ministro na igreja, onde as pessoas entram livremente”, concluiu a pastora.

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