Após a morte do adolescente Lucas Santos, de 16 anos, filho da cantora Walkyria Santos, ex-vocalista da banda Magníficos, no início deste mês de agosto, o debate sobre Cyberbullying voltou a ganhar destaque. Em um mundo digital, até que ponto usar as redes sociais é saudável e seguro? Como os pais podem lidar melhor com essa situação?

Sobre o assunto, o Cada Minuto conversou com a  neuropsicóloga clínica Jane Maclainy de Moura. A especialista falou sobre como os pais podem lidar melhor com a relação entre seus filhos e as redes sociais. Ela também conta como fazer das restrições ao uso das redes uma forma de cuidado que os mais jovens possam compreender.

A especialista explica que o controle feito por familiares com relação ao uso de redes sociais de crianças e adolescentes é uma demonstração de cuidado. Porém, alerta que todo extremo é preocupante.

“Os pais precisam ponderar com cuidados excessivos para os adolescentes, preparando-os para os perigos futuros, alimentando neles uma inteligência emocional. Não será restringindo tudo que eles aprenderão. Eles mesmos saberão lidar com as dificuldades desse meio”, esclarece.

Para a profissional, é através do diálogo e explicando os possíveis danos que os parentes podem fazer com que os mais jovens entendam a importância de reduzir o uso das redes.  

 Neuropsicóloga clínica Jane Maclainy de Moura

“Nunca dando o ‘não’ apenas como resposta. Se [a criança ou o adolescente] não entende alguns termos técnicos como o efeito da luz azul dos eletrônicos para a produção de melatonina e regulação do sono-vigília, diga que isso interfere em seu sono, memória e horários e isso já é o bastante para limitá-lo”, esclarece.

Jane afirma que celular e tablet, vinculados às redes sociais, devem ser monitorados constantemente, principalmente se forem crianças. “Não levamos uma criança de 5 anos para brincar num parquinho e a deixamos lá. Assim é a rede: precisamos observar esse meio ou bloquear o acesso”.

Ela destaca que outra forma de monitoramento é o uso de aplicativos de bloqueio, onde os pais restringem sites e redes para que a criança não as utilize.

A psicóloga ressalta, ainda, que cada faixa etária tem uma permissão e sugestão de uso em sites ou redes. “Isso precisa ser monitorado sempre para evitar o acesso de pessoas má intencionadas, pois, agora, o que mais vemos nas redes são pessoas que destilam ódio, projetando o seu próprio ‘eu’ nos outros”, conclui.

Entenda o caso Lucas Santos

O adolescente postou um vídeo no aplicativo TikTok, como uma brincadeira, mas muitos usuários não concordaram e passaram a destilar ódio contra ele. Após a repercussão negativa, Lucas foi encontrado morto em casa, na Grande Natal, em Rio Grande do Norte.

Nesta terça-feira (10), foi aprovado o Projeto de Lei Lucas Santos, em alusão ao caso do filho da cantora paraibana, na Assembleia Legislativa da Paraíba. A proposta é criar o Dia Estadual de Combate ao Cyberbullying, monitorando ofensas na internet.

A fim de orientar os mais jovens sobre como agir em casos de ataques virtuais, o projeto pretende realizar ações educativas com estudantes de ensino médio e fundamental, das redes estadual e privada.

*Estagiária sob supervisão da editoria