A vacinação de gestantes e puérperas em Alagoas teve início no dia seis de maio deste ano, com o imunizante da farmacêutica Pfizer. Em meio a polêmicas sobre a vacinação do grupo, hoje, apenas as que têm comorbidades estão aptas a receber o imunizante.
No início deste mês, a Secretaria de Saúde de Tubarão, em Santa Catarina, informou que um bebê nasceu com anticorpos contra a Covid-19, já que sua mãe havia sido imunizada com as duas doses da CoronaVac.
A infectologista pediatra Auriene Oliveira disse ao CadaMinuto que este caso pode não ser isolado, já que, ao vacinar a mãe, o bebê também será protegido.

“Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) em abril deste ano demonstra a passagem de anticorpos contra Covid-19 entre os bebês amamentados cuja mãe foi vacinada”, explicou.
Ela conta que o caso de Santa Catarina pode não ser isolado, já que anticorpos do tipo IgG possuem capacidade de atravessar placenta. “Assim, vacinando a mãe estaremos protegendo o bebê”.
“Foi assim, por exemplo, quando tivemos explosão de casos de coqueluche entre bebês que ainda não apresentavam idade para receber vacina contra a doença. O [Plano Nacional de Imunização] PNI colocou a vacina no calendário da gestante e logo vimos a redução de casos de coqueluche entre os bebês”, exemplificou.
A médica ressalta que é necessário avaliar outros casos de gestantes imunizadas, para apurar qual é a melhor fase da gestação para que a vacinação aconteça. “Mas a duração e efetividade da imunidade dos bebês são questões que carecem de tempo e novos estudos para se demonstrar”.
Auriene disse que a imunização de gestantes seria um grande passo e influenciaria na redução do número de casos em crianças, que tem aumentado recentemente.
A vacinação da gestante, acrescentou a infectologista, deve ser avaliada juntamente com o obstetra que acompanha a paciente, para pesar os riscos e benefícios e avaliar o melhor imunizante.
Dose de esperança
A jornalista Meline Lopes tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no dia oito de maio. Ela está grávida e conta que, ao decidir se vacinar, levou em conta os fatores de risco de tomar a vacina e comparou com o risco da Covid-19, já que grávidas não podem receber uma série de intervenções, caso sejam internadas.
“Entre o risco de um e outro, optei por reduzir o risco de pegar a doença, sobretudo com as novas variantes”, disse.

Meline conta que o momento de receber a dose do imunizante foi de muita emoção. “Foi uma dose de esperança em meio a tantas desgraças que temos visto, proteger a mim e ao meu bebê não tem preço, ainda mais tendo uma pessoa do grupo de risco em casa”.
Ela explica que tem um filho de 12 anos, e que continua com todos os cuidados para prevenção contra o coronavírus, como lavar sempre as mãos, andar sempre com álcool na bolsa, evitar tocar em lugares e sair apenas quando necessário.
“Meu filho voltou para aulas híbridas só na semana passada. Quando descobri estar grávida, suspendi suas aulas presenciais até que eu me vacinasse com uma dose”, disse.
“Estou protegendo a mim e ao meu filho, principalmente porque tomarei a segunda só em agosto, em vias de ter o bebê e garantir sua imunização ao nascer também”, reforçou Meline.
A continuação dos milagres
O médico infectologista Fernando Maia falou acerca da possibilidade de uma continuidade na imunização congênita em crianças que nascem de mulheres que já se vacinaram durante a gestação.

“Esse caso do bebê de Santa Catarina foi algo que a gente já esperava. Quando a gente vacina a mãe, a gente espera que a mãe passe os anticorpos da classe IgG para a criança através da placenta, e a criança já nasça protegida”, reforçou.
Ele acredita que, com a continuação da vacinação das grávidas, devem nascer mais crianças já com anticorpos, indicando a proteção delas, por conta da vacinação das mães no período de gestação. Maia acrescentou, também, que essa imunização pode ser fortalecida através da amamentação.
O médico ressaltou que, com a vacina nova, os estudos devem ser intensificados, para que se possa haver uma maior liberação de vacinas em relação às quantidades atuais.
*Estagiários sob supervisão da editoria