Salários atrasados há quatro meses, falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e insumos, vale-transporte e férias. Essas são alguns dos problemas que os funcionários do Hospital Sanatório, localizado no bairro do Pinheiro em Maceió, estão enfrentando e repassaram ao Cada Minuto. Com medo de represálias, os funcionários pediram para que não fossem identificados.

Além disso, os trabalhadores também afirmaram que as condições de trabalho durante esse período de pandemia estão precárias.

“Estamos em uma situação delicada, há quatro meses que não recebemos salários e dois anos sem férias. Além disso, não estamos recebendo vale-transporte e está faltando EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] que são necessários”, disse uma funcionária da unidade.

Além do atraso, outro funcionário denunciou ao Cada Minuto, nesta sexta-feira (28), que por estar localizada em um bairro atingido com a extração de sal-gema pela Braskem, a unidade de saúde apresenta diversas rachaduras nas paredes.

“Existem muitas rachaduras aqui no hospital, tem pessoas que não vêm mais para cá porque não querem correr o risco de desabamento. Eles dizem que estão em negociação com a Braskem, mas a gente não sabe se vai ficar aqui ou se vai sair”, alertou.

Os funcionários chegaram a fazer uma paralisação. Entretanto, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT/AL), desembargador Marcelo Vieira, determinou o retorno imediato dos auxiliares e técnicos de enfermagem, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.

Conforme as informações, o TRT/AL considerou a paralisação deflagrada pela categoria como abusiva, pois desobedece a diversos requisitos da Lei de Greve, além de afetar o atendimento de pacientes infectados pela Covid-19, tanto na UTI como em hemodiálise.

“Estávamos fazendo uma greve aqui na frente que foi decretada abusiva pelo desembargador. Eles alegaram que estávamos prejudicando paciente e não estávamos com atendimento na UTI, mas é mentira porque a UTI já tinha sido fechada por falta de insumos”, disse um funcionário.

O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado de Alagoas (Sateal) enviou uma denúncia e um pedido de mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT) na busca de soluções para as categorias.

Em nota, o Sateal disse que os trabalhadores estão com as energias cortadas, armários desabastecidos, sob ameaça de despejo, além de outros constrangimentos.

Ao Cada Minuto, o Ministério Público do Trabalho disse que as denúncias estão sendo autuadas e distribuídas a procuradores para que as medidas cabíveis sejam tomadas.

Ainda conforme o MPT,  as denúncias foram recentes e os procuradores devem estar analisando os elementos para verificar que medidas serão adotadas.

A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de comunicação do Sanatório, mas está à disposição para quaisquer esclarecimentos.