Com a pandemia e as medidas de restrição para conter a disseminação do coronavírus, a comida por delivery foi uma das categorias com maior crescimento no número de consumidores no comércio eletrônico, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e Serviço de Proteção ao Crédito. Porém, quem está na rua trabalhando com delivery sente na pele e no bolso as dificuldades de trabalhar como entregador em plena pandemia. Para eles, diferente do que diz a pesquisa, o movimento de entrega ainda está baixo.
Diminuição das taxas de entrega, gasolina cara, perigo no trânsito. Essas são algumas das dificuldades dos entregadores de delivery em Maceió. Ao Cada Minuto, eles contaram um pouco da rotina deles e como tem sido nesse momento de pandemia.
Gasolina está cara
Segundo Claudemir Carvalho, o dia a dia como entregador é corrido e cansativo. Ele trabalha cerca de 12 horas por dia. Além do trânsito caótico, Claudemir disse que encontra vários clientes sem educação e que ‘exploram’ o trabalho dele.

“Alguns clientes querem que a gente entre em um condomínio que a moto não entra, suba a escada para entregar na porta do apartamento. Alguns clientes vão até a portaria receber e isso facilita muito”, disse.
Claudemir disse que o movimento de pedidos caiu no começo da pandemia e que por causa disso, as taxas de entrega baixaram. “Aí o movimento caiu e o número de entregadores aumentou. Tinha mais entregador que pedido”. Agora, o cenário está diferente e o movimento aumentou.
A maior dificuldade para Claudemir está no preço da gasolina. “A gasolina está cara, precisamos gastar com óleo de motor, peças”. Enquanto isso, de acordo com ele, as taxas para os entregadores estão baixas.
Desatenção dos motoristas
Para Jackson Lima, o pico de entrega oscila muito. “Não tem dia certo de muitos pedidos”. Jackson acredita que o movimento de pedidos era melhor no início da pandemia. Mas atualmente, é no final de semana que as pessoas pedem mais. “Todo final de semana é uma correria. De vez em quando, de segunda a quinta também é bom”.
Segundo ele, a principal dificuldade está na desatenção dos motoristas no trânsito. “Os motoristas que estão nos carros ficam usando celulares e ficam desatentos. A pressa também atrapalha muito e torna nossa profissão arriscada”.
Sobre os cuidados por causa do coronavírus, Jackson contou que o Ifood dá álcool em gel e quatro máscaras por mês. “Eles pagam pra gente ir buscar”, disse.
Movimento fraco
O entregador Eddy Atalaia contou que o movimento ainda está fraco. “Como os restaurantes e estabelecimentos estão voltando com as suas atividades normais, as pessoas estão saindo mais de casa e pedindo pouco por aplicativo”.

De acordo com Eddy, nos finais de semana, a demanda aumenta. Apesar dos desafios, Eddy disse que ser entregador de delivery é ter liberdade para trabalhar.
“Fazer o meu horário, minha renda”, disse. Porém, para ele, o reconhecimento não vem. “Tivemos visibilidade no auge da pandemia. Fomos e continuamos sendo bastante importantes, mas a remuneração pesa. Ainda é pouca, visto os custos que arcamos sozinhos: gasolina aumentou, o preço do pneu, óleo, lona de freio, tração, revisão da moto, tudo aumentou e a remuneração continua igual”.
“As taxas dos aplicativos só vem diminuindo, suporte ineficiente, os extras nos restaurantes também são baixos. Além das dificuldades do dia a dia, trânsito, buraco, clientes arrogantes”, concluiu Eddy.
*estagiária sob a supervisão da editoria