Vi você nas redes sociais, Renan falando sobre o protagonismo do movimento #Blacklivesmatter, , como determinante para a condenação do policial branco Derek Chauvin que matou, o preto, George Floyd.
O momento histórico da primeiro condenação de um branco pela morte de um preto, nos EUA.
A morte de George foi um sufocamento, ao vivo e a cores, em nome do racismo cristalizado e de uma ruindade secular que essa gente perversa ,traz na alma.
É uma notícia alvissareira saber que, a justiça se fez “cega” e justa, lá nas terras estrangeiras do Tio Sam.
Gostei da sua maneira assertiva e enfática de falar sobre o tema.
E como ativista da causa partilho do seu entusiasmo. Afinal, mesmo com a sombra do crime medonho, o veredicto é algo para celebrar.
Mas, decididamente, não posso me eximir nesse momento para dizer-te Renan, que como chefe do executivo do estado alagoano, atento às demandas e aos ventos de mudanças, você é a peça fundamental para que os direitos do povo preto, herdeiro legitimo da história transbordante do Quilombo dos Palmares deixem de ser violados.
A população negra é a maioria das vítimas, em diversos indicadores de violações de direitos humanos ( educação, escolaridade, desigualdade de rendimentos, nível de desemprego, acesso à saúde, previdência e etc e tal).
A desigualdade ,social e racial, aumenta o risco da violência sistêmica do racismo. Que mata!
Alagoas, a tão propalada terra de Aqualtune, a primeira comandante do Quilombo histórico, é um estado minado pela carranca das desigualdades, e a desigualdade mais gritante tem cor e CEP.
Precisamos, e o tempo urge, Renan abrir as gavetas burocráticas para resgatar os mecanismos institucionais, que contribuam para a aplicabilidade das políticas afirmativas ( trazer para cima quem está embaixo, estabelecer o fio do prumo, mesmo que, ainda tênue, da igualdade, depois poderemos falar em equidade, tipo (#somos-todos-iguais).
Precisamos discutir qual a herança política que seu governo vai deixar para as próximas gerações, quando a questão é o combate ao racismo sistêmico, estrutural.
As políticas públicas de promoção para igualdade racial, em Alagoas, (que em outro tempo institucional já ocuparam palcos de discussões e assertividade) , agora povoam um deserto de ocaso.
Temos demandas engessadas, ignoradas, invisibilizadas: a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana ( Lei federal 10.639/03 que traz, em sua esteira a Lei Estadual nº 6.814/07). A Política Nacional da Saúde da População Negra, a sanção do Projeto que cria o Fundo da Igualdade Racial (vem se arrastando na burocracia, desde 2016), dentre outros, são ferramentas que legitimam e garantem a cidadania para vidas pretas.
Não é só violência policial, Renan, , a violência do racismo vem traduzida nas múltiplas formas de discriminação, baseadas em sistemas de desigualdades que se retroalimentam , sobretudo da raça e etnia. Só para dar um exemplo: Em Alagoas, o percentual de mortes pela covid bate recorde entre o povo preto.
69%.
Como um chefe do executivo dinâmico e atento, você tem o poder , quase maximizado, de bater o martelo e dar o veredicto final para que as engrenagens da máquina pública façam valer as leis para aplicabilidade das políticas afirmativas.
Como diz Barack Obama, o ex-presidente negro, dos EUA: “Não podemos descansar, precisamos avançar em reformas para eliminar o preconceito racial.”
Sim, as vidas pretas do povo das Alagoas, do Quilombo importam, por demais.
Precisamos conversar, Renan!
#Blacklivesmatter (#vidasnegrasimportam).
E salve, George Floyd!