Contaminação e mortes ocorrem nos locais que mais votaram em Bolsonaro, diz estudo

06/04/2021 10:15 - Voney Malta
Por redação
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Estudo feito por mestres, doutores e estudantes do  Ieps - Instituto de Estudos para Políticas de Saúde -, e publicado na Folha,  mostra como e quanto o discurso e o comportamento de um líder influencia no comportamento da população.

No caso concreto do covid-19, o grupo de pesquisadores coletou o número de mortes por município e estados desde o primeiro caso por local até o final de março, analisou a evolução, mediu calculou e chegou a uma terrível conclusão: "o distanciamento social tendeu a ser relativamente menor, e a incidência de casos maior, em municípios que votaram mais em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, logo após demonstrações públicas do presidente se posicionando pela minimização da gravidade da crise e do risco sanitário nos primeiros meses da pandemia".

"Tomemos o caso de Boa Vista (RR): trata-se da capital com o segundo maior percentual de votos em Bolsonaro (69,3%) e a quinta colocada no que se refere à taxa de aceleração de óbitos (134,8%). Já São Luis (MA) contabilizou o quarto menor percentual de votos em Bolsonaro (36,6%), bem como a segunda menor taxa de aceleração, com uma queda de 21% na média de 2021", explicam os pesquisadores.

Outro exemplo curioso apresentado ocorre entre Piauí e Santa Catarina. Diz o estudo que "No Piauí, estado com menor percentual de votos em Bolsonaro no primeiro turno (18,8%), a taxa de aceleração de óbitos é uma das mais baixas (34,6%). Em Santa Catarina, por outro lado, Bolsonaro recebeu 65,8% dos votos válidos no primeiro turno —trata-se do estado que proporcionalmente mais votou em Jair Bolsonaro no primeiro turno— e a taxa de aceleração de óbitos superou 200% em 2021."

De acordo com a conclusão dos pesquisadores, "Ainda que o presente trabalho tenha caráter descritivo, os resultados indicam a existência de uma relação positiva entre apoio eleitoral ao presidente e a aceleração da mortalidade por Covid-19 em 2021 no Brasil".  

Para eles, "A mortalidade tem acelerado exatamente nos estados e municípios que mais votaram em Bolsonaro em 2018 e onde o distanciamento social tem sido menor —portanto, em lugares mais alinhados e suscetíveis à retórica do presidente. Neste sentido, apoio político e eleitoral a Bolsonaro têm correlação direta com mortalidade: mais votos, menos vidas".

Clique aqui para o ler "Quantas vidas cabem em um voto?" na íntegra. Estudo foi realizado por Beatriz Rache
Mestre em economia e pesquisadora do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde); Miguel Lago, Mestre em ciência política e diretor executivo do Ieps; Fernando Falbel, ​Estudante na Eaesp-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) e estagiário do Ieps; e Rudi Rocha, Doutor em economia, é professor da Eaesp-FGV e diretor de pesquisas do Ieps.

 

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