Gota d'água: Ministro da Defesa cai por causa de entrevista de general

29/03/2021 17:08 - Voney Malta
Por redação

O surpreendente pedido de exoneração do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, teria tido como causa uma entrevista do general Paulo Sérgio, responsável pela área de saúde do Exército, ao jornal Correio Braziliense, publicada neste domingo (28).  

Sem negacionismo e seguidor de normas científicas - como é a formação nas Forças Armadas, o que deve ter desagradado o presidente Jair Bolsonaro, o general Paulo Sérgio apontou a possibilidade de uma terceira onda da covid-19 no País nos próximos meses.

Ele também revelou "que a Força entrou em uma espécie de lockdown, em que integrantes de grupos de risco foram enviados para home office e cerimônias militares acabaram suspensas em todos os quartéis. Além disso, estão sendo realizadas campanhas massivas de distanciamento social e outras ações, como uso de máscaras e higienização das mãos".

O general afirmou que a taxa de mortalidade na instituição é de 0,13%, bem abaixo do índice de 2,5% registrado na população.

Ainda é especulado que Jair Bolsonaro pediu o cargo do ministro porque Fernando Azevedo protegia as Foraçs Armadas da intenção do presidente de ter um alinhamento automático, assim como de receber apoio público em suas posições.

Segundo o Estado de S. Paulo, “também podem entregar os cargos os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez. Enquanto o ministro apresentava uma nota à imprensa anunciando sua saída do cargo, os três comandantes se reuniram para tomar uma posição conjunta.”

"Na expectativa do Planalto, a Defesa e o Comando do Exército deveriam ter tomado alguma atitude, repreendido de alguma forma o general, que, inclusive, defendera a Organização Mundial da Saúde (OMS), o isolamento social, o home office, as máscaras e as vacinas, sem uma única manifestação de aprovação ao uso da cloroquina ou do "tratamento precoce" propagandeado pelo presidente", revela reportagem.

Leia abaixo alguns trechos da entrevista do general:

"Todo dia, nosso comandante, o general Leal Pujol, faz videoconferência conosco e recomenda para que a ponta da linha use máscara, álcool em gel, distanciamento".

"Hoje, no Quartel General, não estamos com todo o efetivo cumprindo o expediente normal. Metade vem um dia; outra metade, no outro. Ou metade vem de manhã e metade, à tarde".

"E queremos exatamente a manutenção do planejamento para nos prepararmos para essa terceira onda. É isso que estamos fazendo, e esperamos que o poder público faça também."

"Nós estamos no limite, e a gente torce e até reza para que esses números decresçam para não faltar (leito). Até hoje não faltou, mas é um risco que a gente corre."

"Estamos com uma taxa de mortalidade de 0,13%. Ínfima, em termos de comparação com a do país".

Leia aqui a entrevista na íntegra e tire as suas conclusões.

 

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