Noite de sexta-feira, o cachorro alvoraçado na valentia late, violentamente. Eram exatas 22h10 minutos quando o homem, em uma bicicleta, bate à porta da casa e faz um pedido.
Os latidos destemperados do cão expulsando o desconhecido, atrapalham a compreensão da escuta. Para entender o que pede o homem a dona da casa se aproxima do portão , e ele, repete o pedido de uma xícara de café.
Observo a cena de uma certa distância, e, o homem na bicicleta desperta o medo da noite e do desconhecido. O homem “não parece” violento, mas, são tempos pandêmicos de vírus, violência e ninguém conhece a alma de ninguém- diz a moça.
E quem em sã consciência bate à porta alheia às 10 horas da noite? Das duas uma: ou a fome que humilha, ou o instinto da perversidade.
E fiquei pensando, se aquele homem, realmente, estava com fome, quant@s outr@s tant@s, iguais a ele não vivem o mesmo desespero?
Tempos pandêmicos de vírus, violência , indignidade, e desespero da falta do pão à mesa.
Toques de recolher nos tempos pandêmicos!