Doença da urina preta: biólogo alagoano explica que toxina não é produzida pelos peixes

26/02/2021 06:50 - Maceió
Por Gilca Cinara e Rebecca Moura*
Image

O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e doutor em Ciências Aquáticas, Emerson Soares, esclareceu que a toxina que contaminou as duas irmãs em Recife com a Síndrome Haff, conhecida popularmente como doença da urina preta, pode ser encontrada em qualquer peixe que faça o consumo do muco de corais contaminados. 

A doença ganhou notoriedade nessa última semana depois que duas irmãs foram internadas com um quadro grave, provocado pelo consumo do peixe arabaiana. De acordo com o especialista alagoano, os peixes ficam contaminados com a toxina ao se alimentar dos corais, que produzem essa substância. 

“Essa palitoxina vem do muco dos corais, que é uma das fontes e que contaminam peixes que se alimentam dela e, consequentemente, as pessoas que possam fazer esse consumo desse peixe contaminado. São casos isolados e precisamos dizer que não é só um tipo de peixe que pode ser contaminado. Foi a arabaiana, por exemplo, mas a arabaiana é um peixe de alto mar, que se alimentou e foi acumulando, mas pode qualquer tipo de peixe”, detalhou Soares. 

Ele explicou ainda que a palitoxina foi descoberta a partir de corais da família Zoanthidae,  e a primeira palitoxina encontrada em organismos foi em um peixe no Japão e contaminou porcos alimentados com restos desse peixe.

“A palitoxina pode ser encontrada em dinoflagelados ou algas microscópicas, o envenenamento causa náuseas, paladar com sabor metálico, vômitos, hipersalivação, dores abdominais, diarreia, espasmos musculares e dor ao respirar”, complementou ele. 

Em 1994, uma mulheres morreu em Madagascar  ao comer pescado contaminado. Na época, ela sentiu sabor amargo e metálico e cuspiu imediatamente, mas já havia se contaminado. Um outro caso foi em 30 de outubro de 2000 11 pessoas se intoxicaram com palitoxina ao comer garoupas no Japão e sentiram dor lombar, urina negra, dor muscular aguda, e tiveram um tempo de recuperação de 1 mês.

O especialista reforçou que são casos isolados, mas que a contaminação é grave. 

*Com supervisão da editoria.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..