“Em minha infância não tínhamos luz, nem água em casa. Tive uma infância muito pobre mesmo.” afirma Marta Nunes, a preta gaúcha, Doutora em Química.

10/01/2021 11:44 - Raízes da África
Por redação
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Marta Nunes é ativista preta gaúcha , doutora em Química e  professora adjunta da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. No ano de 2018 realizou um pós-doutorado na Universidade da Califórnia em Davis/CA/EUA, em pesquisa sobre mulheres nas ciências naturais e exatas, engenharia e computação .

A ativista escreve:

Eu lembrava nitidamente que não tínhamos luz em casa até quase eu entrar na escola. Isso porque a gente não tinha geladeira nem televisão. Na minha rua apenas uma única casa tinha TV. Nos amontoávamos na frente do portão p/ espiar qualquer coisa que saísse daquele tubo mágico até que vinha um pequeno fdp da casa que fechava a porta na cara da criançada toda.

Semana passada a mãe lembrou que a gente não tinha água também...aí eu lembrei...a gente tirava água de um poço, que eu tinha um medo absurdo, imaginava monstros (os sapos no meu caso) esperando quando eu fosse ajudar a pegar água. Tinha medo de cair também. Nem preciso dizer que tínhamos uma fossa seca no lugar do banheiro né, banhos de bacia e por aí vai.

Na esquina da rua periférica, havia um conjunto de tanques e torneiras públicas, onde a mulherada ia lavar a roupa e a gente brincas com uma água potável que não tínhamos em casa.

Não, eu não nasci a 10 mil anos atrás, eu tive uma infância muito pobre mesmo, como a maioria das crianças negras deste país...

É doloroso...mas importante não esquecer de onde a gente veio, sem se prender nesta memória, mas sabendo que se cheguei até aqui, algum propósito o universo (o meu) deve ter!

#memórias

 

Fonte: Facebook da Marta

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