Era uma senhora preta de porte elegante e na pele carregava a sujeira do mundo todo.

12/10/2020 10:37 - Raízes da África
Por redação
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Era uma senhora, na casa dos 60 anos, e estava  sentada de pernas cruzadas, no batente de uma  calçada do mundo.  

Uma calçada  feito ponte , entre o abandono social e o acolhimento improvisado, para  um corpo preto de mulher.

Ela fumava um cigarro, com uma classe inusitada , conversava para além do entorno que habitava, olhava para mundos de fantasia, que a salvava do caos.

Nos pés que balançavam ao vento, portava um sapato branco , com design de pequenos furos, mas, de tão sujos os sapatos desembranquiçaram.

O vestido da mulher trazia flores desboatadas, de tempos da rua  De tempos sem rumos , desaprumados.

Eu a vi de longe e  ao passar por ela, cumprimentei-a, mas, não recebi respostas. Ela continuava, por ali,  na ladainha das palavras avessadas de vida, fumando seu cigarro , elegantemente, de pernas cruzadas.

Salve, Cidinha!

Abandonos!

 

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