Era uma senhora preta de porte elegante e na pele carregava a sujeira do mundo todo.
Era uma senhora, na casa dos 60 anos, e estava sentada de pernas cruzadas, no batente de uma calçada do mundo.
Uma calçada feito ponte , entre o abandono social e o acolhimento improvisado, para um corpo preto de mulher.
Ela fumava um cigarro, com uma classe inusitada , conversava para além do entorno que habitava, olhava para mundos de fantasia, que a salvava do caos.
Nos pés que balançavam ao vento, portava um sapato branco , com design de pequenos furos, mas, de tão sujos os sapatos desembranquiçaram.
O vestido da mulher trazia flores desboatadas, de tempos da rua De tempos sem rumos , desaprumados.
Eu a vi de longe e ao passar por ela, cumprimentei-a, mas, não recebi respostas. Ela continuava, por ali, na ladainha das palavras avessadas de vida, fumando seu cigarro , elegantemente, de pernas cruzadas.
Salve, Cidinha!
Abandonos!
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