Bolsonarismo opera para 'tomar' dois Estados

31/08/2020 10:31 - Voney Malta
Por redação

No Rio de Janeiro, como já sabemos, o governador Wilson Witzel, eleito nos braços do fenômeno conservador Jair Bolsonaro em 2018, foi afastado do cargo na última sexta-feira (28) através de uma questionadíssima e suspeitíssima decisão monocrática.

O mundo jurídico - assim como o político - está em polvorosa desde que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, tirou Witzel da função por 180 dias.  

Agora inimigo político, o governador afastado enfrenta o poderio jurídico do presidente Jair Bolsonaro, assim como a força política do bolsonarismo a partir da abertura do processo de impeachment iniciado pelo Legislativo do Rio.

Bem menos citado, processo semelhante ocorre em Santa Catarina, onde dificlmente o governador Carlos Moisés (PSL) vai sobreviver ao processo de impeachment aberto pela Assembleia Legislativa.

O filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), atua para que a  vice-governadora Daniela Reinehr, bolsonarista radical, seja poupada da 'guilhotina'. Até Karina Kufa,  advogada do presidente e tesoureira do Aliança, foi liberada para trabalhar na defesa de Reinehr.

A explicação sobre a crise em Santa Catarina é simplesmente de disputa política. O motivo do impeachment do governador e da vice é uma equiparação salarial entre Procuradores do Estado e da Assembleia Legislativa (Alesc). Somente isso.

Mas, a verdade, é que o problema é, repito, político. Carlos Moisés nunca foi dessa atividade. Ele é um ex-bombeiro aposentado que no último dia do prazo registrou o seu nome para que o PSL não ficasse sem candidato na disputa. Venceu surpreendemente.

Depois da posse se afastou de quem nunca foi próximo, Jair Bolsonaro. Carlos Moisés é tido como de total inabilidade política, assim como Daniela Reinehr. Só que ela  confia que a salvação está no clã familiar que preside o Brasil: “Sempre me mantive fiel ao Bolsonaro. Somos todos crias dele, é o mentor que fez a gente. Eduardo tem sido grande parceiro, muito gentil e cuidadoso para que esse impedimento não aconteça no meu caso”, disse ao Valor Econômico.  

Claro, os deputados estaduais querem os cargos, o que pode ocorrer ainda em setembro. Especialmente o presidente da Assembleia Legislativa catarinense, deputado Júlio Garcia (PSD), que assumiria o governo temporariamente.  

É um político da velha guarda, hábil e o principal articulador do processo. E como é comum na política nacional, é mais um daqueles parlamentares com uma folha corrida daquelas: foi indiciado em 2019 pelos crimes de fraude em licitação, integrar organização criminosa, corrupção ativa e ocultação de bens na Operação Alcatraz.

 

 

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