Doutora em imunologia comenta sobre vacina da Covid-19 e fala sobre reinfecção

08/08/2020 12:16 - Geral
Por Daniel Paulino*
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O Cada Minuto Entrevista desta semana conversou com a biomédica Cristiane Monteiro, que possui doutorado na Universidade da Califórnia, na Califórnia, Estados Unidos, na área de Imunologia Aplicada e esclareceu algumas das principais dúvidas em relação a testagem para Covid-19, os avanços do estudos em torno da vacina e a diferença de imunidade e de possui anticorpos. 

A doutora também aproveitou o ensejo e comentou sobre o comportamento da sociedade alagoana em relação a pandemia e ao isolamento social e deixou dicas para que as pessoas possam se atentar aos cuidados que ainda devem ser mantidos.         

Confira a entrevista: 

 

01 - Quem se contaminou uma vez, poderá se contaminar novamente?

Sim, não temos dados registrados ainda. Entretanto, o vírus é muito novo e pode se infectar de forma diferente, como outros vírus. 

 

02 - Qual a diferença de ter anticorpos e de estar imune?

Os anticorpos são produzidos a partir de uma resposta imunológica específica contra um antígeno. Por exemplo, a vacina contra a febre amarela gera anticorpos contra a febre amarela, mas veja que há um período para que os anticorpos apareçam, não é na hora que a vacina é dada. Depois de uma semana, 95% das pessoas já apresentam anticorpos.  Imunidade é um conceito que inclui a ativação das células do sistema imune e também anticorpos. No caso da resposta para vírus, a resposta celular dos linfócitos TCD8 e células NK é predominante a resposta de anticorpos. 

 

03 - Há relatos de pessoas que tiveram quase todos os sintomas, mas ao realizar o teste sorológico, acabou dando negativo. Isso é comum?

Sim, pois ainda não tivemos a produção da resposta específica por anticorpos. O que não descarta a possibilidade de ter ativado a resposta celular por linfócitos.

 

04 - Como você avalia o comportamento da sociedade alagoana depois do último avanço de fases?

A população alagoana passou por um momento desafiador tendo hábitos e rotinas modificados. A possibilidade de respirar um ar puro fez com que deixasse um pouco de lado os cuidados. O coronavírus ainda está presente. Faz-se necessário manter os cuidados com uso de máscara, álcool gel e, principalmente, o distanciamento social.

 

05 - Como você avalia os avanços das pesquisas voltadas para vacina?

Excelente! Já estamos em testes clínicos. Entretanto, a primeira vacina será o primeiro protótipo para controlarmos o coronavírus.

 

06 - Muito se fala sobre possíveis reações após as pessoas tomarem a vacina, por qual motivo isso ocorre?

Quando a gente fala de vacina para gripe, por exemplo, utilizamos um vírus inativado. Ele não é capaz de induzir doença, ele é capaz de induzir uma resposta imune. Quando a gente ouve falar que após tomar a vacina, a pessoa teve febre e outros sintomas, logo pensamos que a pessoa teve gripe, mas na verdade o que ela teve foi uma resposta imunológica. Quando o individuo faz uso de substâncias alcoólicas no sábado e vai na segunda tomar a vacina, ele pode potencializar essas características inflamatórias, pois o organismo está mais fragilizado.

*Sob supervisão da editoria 

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