Não,não estamos tão bem assim...
Tem feito tempos muito estranhos. A sensação de impotência,a incerteza dos passos que marcham, em círculos pelos caminhos silenciosos da casa vislumbram o opacidade de futuros . O som do silêncio nos permite ouvir as vozes abafadas emudecidas, pela corrida cotidiana. Às vezes, ou muitas vezes, protelamos o auto encontro. Quem sabe amanhã...
E em dias assim, um tanto estranhos, ligo para algumas pessoas para saber delas e partilhar a escuta destes caminhos. A moça me diz que a pandemia criou buracos fundos em sua alma e ela começou a se perguntar de si mesma.
-Ficar em casa com a mesma pessoa, tanto tempo, é sufocante- afirma, em um diálogo com outras linguagens.
E, construir relações cúmplices é um trabalho permanente, e exige que cada pessoa tenha espaços para respirações aprofundadas e o isolamento juntou/aprisionou pulmões e ar.
Fala de caminhos profissionais , dos mundos que se apequenam e a voz se entristece.
Eu a ouço falar e digo-lhe que a pandemia nos tirou da zona do conforto, escavou túneis, expôs a intimidade de alma e caráter de tant@s e muit@s, e é preciso respeitar os tempos das coisas para desmantelar as dores.
Desacelerar e conectar são interpretações , pandemicamente, metafóricas do estar consigo mesm@.
Promover um olhar mais inteligente sobre o tempo, celebrando o que há de melhor: a empatia, proximidade, pessoas e que tenhamos a coragem de descerrar as plaquinhas dos rótulos de auto-suficiência, das redes sociais.
Foi uma longa conversa que tive com a moça e acredito que energizamos nossa alma,numa repetição de afetos.
E há muitas outras gentes em sofrimento, adoecimento de alma e ,também, precisando de longas conversas..
Não, não estamos tão bem assim
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