De acordo com dados do Central Intelligence Agency, em 2016, os brasileiros ocuparam o oitavo lugar na lista de maiores consumidores de eletricidade.
Porém, dentro da própria nação, o uso de energia varia bastante de região para região, havendo áreas com demandas consideravelmente maiores do que outras.
O Sudeste, por exemplo, foi responsável por metade de todo o consumo energético do país em 2018, segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica, apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Isso se deve, principalmente, à concentração de parques industriais.
Como este setor é um dos maiores responsáveis pelo consumo de energia, é esperado que a região com maior número de indústrias seja também a que consuma mais eletricidade.
As empresas inclusive, recorrem ao uso de energia temporária, por meio do aluguel de geradores, para manter a produção em pleno vapor, em caso de falhas na rede concessionária, manutenções programadas, ou até como fonte principal de energia, tamanha dependência do recurso.
Entretanto, os estados que mais utilizam energia no Brasil não estão apenas no Sudeste. Sul e Nordeste também marcam presença na lista dos seis maiores consumidores brasileiros, como mostra o conteúdo a seguir.
São Paulo
O anuário da EPE mostra que São Paulo é o estado brasileiro que lidera, com grande vantagem, o consumo de energia elétrica no país, com a utilização de 132.382 GWh em 2018.
Para isso, há algumas explicações. Uma delas é o consumo residencial, que também é o mais alto da nação, devido à concentração populacional - com quase 46 milhões de habitantes.
Além disso, São Paulo é o maior polo industrial do Brasil - o que impulsiona consideravelmente o uso energético em todo o estado.
A indústria paulista tem participação efetiva no Produto Interno Bruto brasileiro, sendo responsável por mais de 30% do PIB industrial de todo o país em 2017, de acordo com a InvestSP.
Dentre os setores industriais de mais destaque no estado, estão o de construção, de alimentos, químicos e automobilístico - que são ramos de alto consumo de energia, pelo tamanho e potência do maquinário necessário.
Minas Gerais
Minas Gerais vem em segundo lugar como estado de maior consumo energético do Brasil, com cerca de 56.470 GWh de energia utilizada durante 2018.
Seguindo o mesmo padrão de São Paulo, Minas é o segundo estado mais populoso do Brasil, com mais de 21 milhões de habitantes, o que também implica em uma demanda maior por energia residencial.
Além disso, o parque industrial mineiro é um dos mais relevantes do país, com destaque para os setores de construção, extração de minerais metálicos e alimentos.
É responsável por mais de 10% do valor arrecadado por todo o setor nacional, contribuindo, em 2017, com quase R$ 130 bilhões, como aponta o Portal da Indústria.
Portanto, o alto consumo energético do estado pode ser justificado pelas indústrias de grande porte encontradas na região mineira e uma considerável concentração populacional.
Rio de Janeiro
O último estado da região do Sudeste da lista, o Rio de Janeiro, segue a lógica dos primeiros colocados.
Seu consumo anual, de quase 39.700 GWh de energia, pode ser justificado tanto pela forte presença da indústria quanto pela alta demanda residencial. O Rio é o terceiro estado mais populoso do país, com 17,3 milhões de habitantes.
No aspecto industrial, o setor de construção ganha destaque. Esse ramo necessita de quantidades altas de energia para atividades como extração de material, produção de matéria-prima e demolição.
Para além disso, a indústria de extração de petróleo e gás natural também possuí um importante papel no Rio de Janeiro.
Um fato curioso é que, apesar de ser um dos estados com maior consumo de energia, é também a tarifa energética mais cara do país para o setor industrial, ainda de acordo com o Portal da Indústria.
A indústria fluminense paga uma média de mais de R$ 900 por MWh, o que é quase 40% a mais do que a média nacional.
Paraná
Fora do Sudeste, o Paraná é o estado com consumo energético mais elevado.
Com um gasto anual de 31.309 GWh, sua população é um pouco menor do que as dos demais locais, com cerca de 11,5 milhões de habitantes. Porém, essa não é a única diferença.
Na indústria, o setor que mais impacta a economia do Paraná é o de alimentos, representando cerca de 19% do ramo na região. Tanto em São Paulo, quanto Minas Gerais e Rio de Janeiro, o topo, nesse quesito, está para a área de construção.
Mas a indústria alimentícia também cria uma grande demanda energética, seja para o cultivo, produção, transporte e distribuição dos alimentos - o que poderia justificar a posição do estado em 4º na lista.
Rio Grande do Sul
Outro sulista vem logo atrás, com consumo de 30.418 GWh no ano de 2018.
Não é coincidência que o Rio Grande do Sul também esteja em 5º lugar no ranking de estados que mais arrecadam com a indústria. A produção industrial da região também é grande, o que justifica o alto consumo energético.
O estado segue os padrões dos demais da lista, mas, ao contrário do Paraná, o setor industrial com maior participação é o de construção, com 18,2%.
Porém, assim como o Paraná, a indústria alimentícia também tem sua importância, já que representa a maior parcela de exportações industriais do estado.
Bahia
O único representante do Nordeste nos seis primeiros estados é a Bahia, com um pouco mais de 25.000 GWh de energia consumidos.
O Nordeste é uma região do país que, desde o início da década, passou por mudanças consideráveis em seu consumo energético.
O aumento da renda de seus habitantes, além de programas governamentais - como o Luz para Todos, criado em 2003 - foram fatores essenciais para explicar o aumento da demanda por energia na região, pelo menos em nível residencial.
Essa mudança se torna ainda mais impactante em locais como a Bahia, já que é o 4º estado mais populoso do Brasil, com quase 15 milhões de habitantes. Ou seja, o número de residências que agora tem acesso à eletricidade é ainda maior.
De acordo com o Anuário da EPE, a Bahia, sozinha, é responsável por mais de 30% do consumo energético de todo o Nordeste.
Pode-se perceber, então, que, de maneira geral, a presença de indústrias e de uma maior concentração populacional está fortemente ligada ao maior consumo de energia dos estados.
Além disso, como é visto no caso da Bahia, habitantes com renda média mais alta tendem, também, a consumirem mais eletricidade - uma vez que terão casas abastecidas de energia e maior possibilidade de usar o recurso.