Depois que o deputado Davi Maia anunciou, na sessão desta quarta-feira (22), que irá encaminhar à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa uma série de denúncias envolvendo o laboratório Lacen, responsável pela testagem do covid-19 em Alagoas, a deputada Jó Pereira solicitou que as supostas irregularidades sejam enviadas também à Comissão de Saúde - da qual faz parte -, para que sejam investigadas, fiscalizadas e apuradas conjuntamente.
Entre as precariedades, Maia citou a falta de testes no Estado, o acesso restrito do teste apenas ao grupo de risco e a demora na entrega dos resultados.
Para Jó, tais denúncias “justificariam” a alta taxa de mortalidade em Alagoas. “Como demora a sair o resultado, muitas pessoas são encaminhadas para isolamento domiciliar, quando deveriam ser encaminhadas para leitos de retaguarda ou até mesmo de terapia intensiva. Porque, em Alagoas, os casos diagnosticados com covid-19 já estão chegando às unidades hospitalares quando há pouco a se fazer?”, questionou, destacando que por esse motivo a proporção de pacientes internados em leitos de retaguarda com a proporção de internamentos em leitos de UTI é muito maior em Alagoas do que em outros estados.
“Hoje o mundo inteiro, especialmente Alagoas, paga pela falta de investimentos nas áreas de saúde e pesquisa. Estamos pagando todos, nossa economia está parada por falta de investimentos na área da saúde”, prosseguiu a parlamentar, lembrando: “Há três anos venho cobrando o aumento de mais 1% no orçamento da saúde, que não foi executado em nenhum dos anos. Com esse investimento, talvez hoje tivéssemos uma estrutura melhor de saúde pública em Alagoas. A gente clama para que esse erro nacional, de não priorizar a saúde, o saneamento e a educação não persista”.
A deputada se referiu à emenda orçamentária, de autoria da Comissão de Orçamento e encabeçada por ela, destinando 1% dos recursos do orçamento do Estado (mais de R$ 100 milhões) para a saúde, especialmente para o atendimento oncológico.
Ela falou também que, após avaliar as
últimas movimentações feitas no orçamento de Alagoas, no qual todos os esforços precisam estar voltados para a estruturação da saúde, identificou uma transferência de recursos orçamentários no sentido contrário a isso. “São R$ 31 milhões para a Secretaria de Estado de Transporte e Desenvolvimento Urbano e para o DER, operação feita no último dia 14 de abril. Coincidência ou não, é quase o valor da suspensão da dívida do Estado de Alagoas com a União”, alertou.
Segundo Jó, os recursos foram retirados da Secretaria de Educação, onde seriam destinados à construção de creches e escolas, e da Secretaria da Mulher, para implementação de políticas de promoção e defesa dos direitos humanos. “Além de R$ 12,3 milhões que seriam destinados para a manutenção das unidades prisionais, também foram retirados recursos da Secretaria de Planejamento, que seriam investidos em transparência e gestão de pessoal. Fica aqui o meu alerta. Nós precisamos ter transparência, solidariedade e humanidade na gestão pública, requisitos essenciais num momento como este”, frisou.
Por fim, Jó Pereira mencionou que é preciso dar o devido protagonismo ao Hospital de Doenças Tropicais (HDT) diante da pandemia: “No meio de toda essa pandemia a gente mal ouve falar no HDT, um hospital especializado, onde todo seu corpo é treinado para combater epidemias e pandemias... Infelizmente esqueceram que o HDT possui os melhores infectologistas de Alagoas trabalhando como servidores públicos. Fica aqui meu alerta”