"O Senhor se esconde por trás dos necessitados", diz Frei que acolheu moradores de rua em Maceió

25/03/2020 10:43 - Blog da Raíssa França
Por Raíssa França
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Foi passando de carro pela praia da Avenida, em Maceió, que o Frei João, da Casa de Ranquines, viu um grupo de moradores de rua e parou o carro para conversar com eles. “O evangelho nos ensina que nosso senhor se esconde sempre por trás dos mais necessitados”, disse ao blog.

Ao descer, o frei foi informado por eles que “até aquele momento nenhum deles tinha tomado água”. Com a cidade mais vazia devido a pandemia do Covid-19, os moradores de rua estavam lá: sem receber nenhuma ajuda. A cena, segundo o frei, partiu o coração dele.

“Fomos em casa rápido, fizemos uma macarronada e levamos para eles. Era uma situação crítica: tinha muitos idosos e crianças que não tinham até aquela hora comido nada”, disse o Frei.

Para o ele, é sempre uma gratificação saber “que estão servindo o próprio Cristo, na pessoa dos mais necessitados, fragilizados e abandonados”.

Com o decreto de emergência em Alagoas, muitas pessoas se perguntaram: ‘E os moradores de rua?’. Durante essa semana, a Prefeitura de Maceió em parceria com a Arquidiocese decidiu abrigar cerca de 200 moradores de rua. Nos locais, os moradores vão ter comida, água e um colchão para dormir.

Os dois novos abrigos provisórios - sendo eles uma casa e uma escola - vão permitir que os moradores de rua fiquem nos locais até a situação de emergência passar.

Até ontem (23), 140 moradores de rua foram abrigados. Para informar sobre a situação do novo coronavírus no mundo inteiro e do decreto de emergência em Alagoas, o Frei explicou que foi criada uma Pastoral da Conscientização. “Não só nós, da Casa de Ranquines, mas é um trabalho feito por vários movimentos, pastorais e setores da prefeitura e do Estado. Eles estão bem informados, menos os que estão sob efeito de alguma droga que não entendem o que está acontecendo”.

Sobre a reação deles sobre o atual cenário, o frei contou ao blog que eles fizeram perguntas como: “Quando isso vai acabar?”, “Quais são os riscos que corremos nas ruas?”. Para explicar melhor, o frei usou como exemplo uma viagem que fez recentemente à Roma. “Há menos de um mês eu estava de férias em Roma e estava tudo normal. Não tinha aparentemente não tinha nada da situação que estamos vivendo hoje e eu mostrei a eles o quanto foi rápido a propagação do vírus”.

Para não deixar os moradores de rua ociosos, um cronograma foi criado. “Ontem fizemos um cinema. Quer dizer, todas as noites queremos fazer um cinema. Pela manhã nós temos grupos religiosos que estão fazendo momentos de espiritualidade com eles, fazemos jogos, entre outras coisas”, disse.

Apesar dos abrigos, João ressaltou que eles estão necessitando de doações de roupas, produtos de limpeza, descartáveis, sacos de lixo, mistura para o café da manhã e produtos de higiene pessoal.

Quem quiser doar, pode levar os materiais na Casa de Ranquines, situada na ladeira da Catedral, número 107. Caso a pessoa não tenha condições de trazer os materiais, mas queira ajudar, pode falar com o frei pelo número (82) 99940-6028.

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Estou no Instagram: @raissa.franca

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