O que Bolsonaro e o motorista que assediou uma adolescente têm em comum?

20/02/2020 11:39 - Blog da Raíssa França
Por Raíssa França
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Dois episódios pesados marcaram esta semana e agrediram (ainda mais) as mulheres: o primeiro foi de um motorista de aplicativo que assediou uma adolescente de 17 anos durante uma corrida. O segundo foi quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que uma jornalista “queria dar o furo”, em tom de ironia.

O que o motorista e o presidente da República tem em comum? Os dois agrediram duas mulheres diferentes, de idades distintas e em situações diferentes. Episódios assim doem e nos revolta.

Como sempre acontece, apoiadores de Bolsonaro tentaram justificar dizendo que a jornalista ‘merecia’ o que foi dito à ela. Bolsonaro acusou a jornalista Patrícia Campos Mello de tentar trocar sexo por informação sem ter nenhuma prova.

Do outro lado, o motorista que assediou a adolescente também tentou justificar o injustificável dizendo que a menina tinha se oferecido, e que estava usando um short curto “tipo Anitta”.

Os dois casos geraram revolta nas redes sociais, e uniu ainda mais as mulheres. Entretanto, há um problema grave nas duas situações: os dois vão sair ilesos. Sim, porque é normal assediar uma mulher ou agredi-la. É tão “normal” que os homens fazem todos os dias e quando são pegos no flagra há sempre uma justificativa. 

Não há justificativa para o assédio. O que os defensores do machismo fazem é reverter a situação e colocar sempre a vítima como a culpada da história. “Ah, mas a jornalista mentiu”; “Ah, mas ela estava com o short curto”; “Ah, mas ela estava se oferecendo”. São tantas justificativas para abafar o que está errado que nós, mulheres, até cansamos de debater com homens assim.

O motorista de aplicativo e o presidente cometeram violência. E não venho trazer aquela reflexão de: ‘E se fosse com a sua mãe ou filha?’. Não adianta, a luta deve ser para todas as mulheres e não para as familiares desses homens.

Que nós possamos - mesmo com tantas injustiças - lutar para que essas violências acabem e conscientizar nossos filhos/sobrinhos/irmãos de que a sociedade não precisa ser ainda mais escrita e machista. O machismo é algo cultural, eu sei, mas só a quebra desse padrão que pode nos ajudar na construção de um mundo com mais respeito.

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