Especialista diz que campanha de Damares não será efetiva: "Falta educação sexual"

07/02/2020 11:10 - Blog da Raíssa França
Por Raíssa França
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Foi lançada essa semana, a campanha “Tudo tem seu tempo” do Governo Federal, que visa educar os jovens sobre sexo e gravidez na adolescência. A campanha foi alvo de polêmica após a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, ter sugerido “abstinência sexual” para os jovens como forma de evitar a gravidez. Entretanto, será que essa campanha será eficiente?

Em entrevista ao blog, a especialista em sexualidade, Laylla Brandão disse que a campanha se prega  uma virgindade do homem e da mulher com a ideia de “guardar para depois”, mas afirmou que a abstinência sexual não é uma boa saída para a gravidez precoce porque ela será inefetiva. 

“Como dizer para algum adolescente não faça sexo porque você vai perder sua adolescência?”, falou. Para ela, é muito mais conscientização que só vem a partir da educação sexual. “Quanto mais você conversa com os jovens, mais você fala sobre a temática da sexualidade (que não é só a penetração e o sexo em si)  traz para eles a consciência de pensar sobre mais o corpo dele, sobre o momento dele”, explicou Laylla.

Segundo Laylla, essa campanha será uma falha e um plano que não dará certo. “Você vai incentivar os jovens para que eles se guardem, mas esquece de falar sobre a educação sexual. Como educar sexualmente? Porque falar que não pode é apenas uma palavra, mas o corpo por si só va ter vontade", comentou.

O não é mais gostoso?

A especialista disse que quanto mais se fala que não pode, mais atrativo se torna. “O proibido no social é atrativo”. Laylla disse que falta se falar mais sobre sexualidade e não sobre sexualização. Para ela, a cultura brasileira é sexualizada e as crianças acabam se envolvendo sem saber o que é. 

“A gente precisa conversar sobre sexo em si. Um adolescente a partir dos 16 anos já tem o corpo com muitos estímulos sexuais”, enfatizou.

Educação sexual na família: está faltando?

Para educar esse público, Laylla diz que a saída é a educação sexual por meio de diálogo. “É mais fácil educar esses pré-adolescentes para que eles reconheçam que o momento deve ser especial. Se a gente não conversa sobre sexualidade vai virar tabu do mesmo jeito. Falta educação sexual na família, nas escolas”.

A especialista ainda disse que não se fala em sexualidade, mas que a sociedade “impõe coisas sobre sexualidade”. Sobre o padrão de sexualidade, Laylla disse que a educação sexual começa de casa. “Os pais não falam sobre sexualidade, não foram educados assim, não repassam para os filhos, as escolas não falam também.. então, quem vai educar essas crianças?”, questiona.

Por fim, Brandão disse que a medida que as crianças crescem, elas entendem que não podem e que não devem como se sexualidade fosse apenas gravidez. “Será que sexualidade é apenas gravidez? A campanha é uma medida retrógrada e fechada demais. Falta o governo entender isso”.

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