A história de um casamento: quando o romance acaba, o amor não deve acabar

16/12/2019 10:58 - Blog da Raíssa França
Por Raíssa França
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Vi o filme ‘A história de um casamento’ ontem. Para quem não sabe, ele está disponível no Netflix. A história de um casamento conta a história de um casal Nicole (Scartlet Johason) e Charlie (Adam Driver) que casam, tem um filho e se separam. Um aviso: o filme vai doer (mais)  em quem já viveu a mesma coisa que o casal vive ou quem está vivendo.

O começo do filme mostra a leitura de duas cartas (sendo uma de Nicole e outra, do Charlie). As duas cartas mostram o que ambos gostam um no outro. A cena seguinte mostra os dois sentados no consultório de um terapeuta que pede que eles se lembrem do que um gostava no outro antes do casamento desmoronar.

No começo do filme, em um diálogo de Nicole com a advogada dela, Nora, fica claro que Nicole se anulou e que viveu a vida que Charlie quis. Nicole - que é atriz - não viveu os sonhos que ela queria, não viveu a vida que ela queria, mas se doou completamente para um homem que segundo ela não fez o mesmo por ela. Fica claro que a anulação de Nicole fez com que ela fosse infeliz e frustrada, o que contribuiu para o fim do casamento.

Uma outra questão que observei e que deve ser levada em conta é que os dois tem um filho chamado Henry, de 8 anos. Assim como a maioria das crianças que são filhos de pais separados, Henry não entende o processo da separação dos pais e fica “naquele meio” dos adultos que se esforçam para que ele não sinta a separação, mas ele sente.

O processo de divórcio do casal é doloroso. Nessa história de ‘ficção’ os dois estão perdendo algo, assim como é com um casal real. Perde-se dinheiro, autoestima, sonhos, e principalmente, o amor. Ambos querem o bem para a criança, mas eles não lidam bem com suas próprias frustrações e dores. O amor que se perde não é o romântico, mas o que se construiu ao longo da relação. Está claro no filme que o amor homem/mulher acabou, mas e o amor que vai muito além disso?

O filme terá um significado diferente para cada um, mas para mim (que nunca passei por uma separação) teve um diferente. Pensei em como Nicole deveria estar frustrada por ser casada com alguém que não a priorizava e que não entendia o que ela precisava/queria. Recordei-me de uma conversa que tive mais cedo com uma pessoa e que contei a ele que tive, dentro da própria casa, um familiar que viveu a vida do companheiro o tempo inteiro, mas esqueceu dele. Esqueceu tanto dele que as próprias asas foram cortadas. Existe algo mais infeliz do que deixar de ser você?

O divórcio, a relação com o filho, o amor que acaba, a anulação de ser você mesmo. Tudo isso vemos no filme que começa com um amor romântico que acabou. E sim, em alguns casos o amor acaba. E não é porque ele acabou que o respeito e as boas lembranças também vão acabar. Fica o cuidado, o afeto, o querer bem, fica o amor, mas em outro sentido. Isso deve permanecer. Ou pelo menos deveria. O relacionamento deu certo até aquele momento.

A cena final diz isso: Nicole amarrando o sapato de Charlie mostra que apesar da dor e do seguir em frente, restou o cuidado por ele que também é uma forma de amar. Já dizia um trecho da música do Bidê ou Balde: "É sempre amor mesmo que acabe".

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Estou no Instagram: @raissa.franca

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