Martin Scorsese e Netflix apresentam o épico "O Irlandês"

29/11/2019 09:16 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Depois de declarações que levantaram discussões sobre o atual cinema e o espaço exagerado dedicado aos blockbusters, Martin Scorsese estreia "O Irlandês" (2019). O filme, uma produção da Netflix, marca a reunião do diretor com uma seleção de lendas de Hollywood. Robert De Niro, parceiro habitual, e Joe Pesci reencontram o Scorsese na história de Frank Sheeran, veterano de guerra e motorista de caminhões que entra para máfia e se envolve com o famoso líder sindical Jimmy Hoffa.
Hoffa, que já foi interpretado por Jack Nicholson em 1992, agora recebe o talento de Al Pacino que pela primeira vez trabalha com Scorsese. O longa ainda conta outro peso pesado, Harvey Keitel em pequena participação.

O filme tem duração aproximada de três horas e vinte minutos, por isso separe tempo para entrar naquele mundo.
O diretor, que coleciona clássicos em sua filmografia como "Táxi Driver", "Touro Indomável" e "Os Bons Companheiros", entrega em "O Irlandês" um verdadeiro épico que faz um recorte de décadas da vida de Frank Sheeran e do meio que ele estava inserido.
A produção, ao contrário de outras, não traz glamour à máfia. O ponto central é a consequência da fidelidade dentro de um ambiente tão violento.
Sheeran precisou tomar decisões que lhe custaram muito, e os anos vividos, mais do que aquele tipo de vida proporcionou aos seus colegas de crime, nos faz pensar sobre dádiva e penitência. Envelhecer com tantas lembranças que gostaria de esquecer deve fazer o tempo passar mais devagar.

Para retratar tantas idas e vindas Scorsese lançou mão de efeitos digitais bem competentes para rejuvenescer o trio principal. O resultado ficou muito bom, mas em algumas tomadas é possível notar a movimentação mais lenta dos atores que não condiz com a idade dos personagens. Se esse foi preço para poder contar com os três, acho que valeu a pena.
De Niro deve colher indicação ao Oscar para Melhor Ator. Mesmo fazendo o mesmo papel de sempre, ele continua excelente. Pesci e Pacino devem disputar uma vaga entre os Coadjuvantes, isso se a Academia não fizer uma dupla indicação. Minha torcida é para Pacino, pois faz o filme ganhar força a partir de sua primeira aparição.
Scorsese já tem vaga certa entre os diretores e surge como favorito. É notável sua habilidade para dar ritmo a longa duração de "O Irlandês" e seu apreço técnico. Podemos dizer que ele não apenas dirige, mas realiza o filme. Tem o controle total da produção e nos entrega uma experiência cinematográfica. Ninguém é obrigado a gostar da experiência, mas impossível negar sua existência.
Por isso, o humilde conselho que dou é: Experimentem, ousem e consumam o cinema fora da caixinha. Deem um tempinho na montanha-russa (que também acho bacana) para conferir "O Irlandês". O parque continuará no mesmo lugar, mas você verá que há muito mais.

9.5

*Disponível na Netflix

**Também está disponível um pequeno vídeo que traz uma conversa descontraída entre Scorsese, Pacino, De Niro e Pesci, analisando "O Irlandês" e suas carreiras.

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