Devido à falta de compromisso do governo Renan Filho (MDB) em resolver o problema do Programa do Leite, que, novamente, está com pagamento atrasado aos fornecedores, por quase três meses, representantes de cooperativas decidiram viajar até Brasília, nesta terça-feira (26), na tentativa de conseguir a liberação de recursos por parte do governo Federal. A dívida com os 3023 pequenos produtores já chega a R$ 9 milhões. Desse total, 20% são de responsabilidade do Estado.

O sentimento entre os milhares de agricultores familiares é de medo e apreensão, com a possibilidade de não receberem pelo fornecimento do leite, já que o final do ano se aproxima e, com isso, encerra-se também o orçamento anual do Estado e o risco iminente de calote. Neste ano, o governo já deixou de pagar o mês de fevereiro aos fornecedores, como a Cooperativa Pindorama, que, até agora, aguarda pela solução do débito, segundo confirma o presidente da instituição, Klécio Santos. Agora, já são cinco quinzenas em atraso.

"Pagamos aos nossos fornecedores e estamos esperando aqui que o governo nos reembolse. Mantemos contato com o secretário [estadual da Agricultura, Sílvio Bulhões]. É preciso que haja um compromisso de honrar com o pagamento", reforça o presidente da Pindorama.

Para ele, a ação tem um benefício muito importante, pois, na ponta, tem-se os pequenos produtores que fornecem o leite e as famílias carentes que recebem o produto, mas, mesmo assim, tem faltado sensibilidade do governo para solucionar o problema. Como saída, os produtores tentam utilizar-se do conhecimento e da força política para solucionar a questão.

O programa em Alagoas conta com a participação de cinco cooperativas, CPLA, Pindorama, Copaz, Agra e Cafisa, que somam os 3032 agricultores familiares, os quais fornecem diariamente 49 mil litros do produto em benefício de 80 mil famílias cadastradas para recebimento do leite, segundo destaca Aldemar Monteiro, presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), a maior fornecedora com 27 mil litros produzidos diariamente.

Ele estava ontem em Brasília, à espera de encontro com o superintendente do Ministério da Cidadania, José Roberto, sob o mesmo temor dos demais fornecedores.

"Estamos no final de ano e com medo de ficar sem receber o dinheiro. É preciso levar a sério o Programa do Leite. Com esses atrasos a gente não consegue estimular os produtores, que ficam sem condições até de fazer a feira de casa. É um programa social de baixo custo e que gera emprego", ressalta o presidente.  

Em fevereiro deste ano, as cooperativas já estavam há quatro meses em atraso, sob ameaça de paralisarem as atividades, quando voltaram a receber. Agora, novamente, passam a enfrentar o mesmo problema, sem que o governo Renan Filho tenha apresentado encaminhamento de solução.

E enquanto deixa atrasar o repasse aos agricultores familiares, o gestor estadual "desvia" recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep), que poderiam ser utilizados na ação social, para construir hospitais diante de um cenário de problemas também na área da saúde, como, por exemplo, atrasos constantes para o pagamento a hospitais que prestam atendimento contra o câncer a pacientes do Sistema Único de Saúde.