Em Maceió, monja Coen relata encontro com Lula e fala o que diria a Bolsonaro

07/11/2019 11:53 - Blog da Raíssa França
Por Raíssa França
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Em Maceió para participar da 9ª Bienal Internacional do Livro, a Monja Coen lotou a rua Sá e Albuquerque do bairro histórico do Jaraguá para fazer uma palestra para ensinar práticas do zen budismo. Antes da palestra, em entrevista à rádio Educativa FM e rádio UFAL, a monja também falou sobre a divulgação do seu novo livro e disse que o ex-presidente Lula é um homem bom e digno. Além disso, Coen também contou o que diria ao presidente Jair Bolsonaro, caso o encontrasse.

Coen falou sobre o livro ‘O que aprendi com o silêncio’ e reforçou a importância de aquietar a mente. “As pessoas confundem e acham que prática meditativa é não pensar nada, mas não tem nada disso. Não pensar nada é morte encefálica. A mente é movimento, vida e transformação. Assim como existe a palavra, existe o silêncio, entre cada palavra minha para que haja sentido existe uma pequena pausa que nem sempre observamos”, explicou.

Segundo Coen, o que ela aprendeu com o silêncio foi que as pessoas podem se conhecer profundamente. “Quem se conhece não é ofendido e nem ofende ninguém. O autoconhecimento para mim é liberdade”.

Atual cenário do país

Sobre a polarização do país e o atual cenário político, a monja disse que existem pessoas que pensam de forma diferente, mas que não sabem dialogar. “Uma democracia é quando temos partidos diferentes, pensamentos diferentes. Mas quando começa a ser ditatorial, quando começa a amedrontar as pessoas, aí entramos em um terreno perigoso. Esse terreno perigoso tem que andar em alerta. Mas lembramos que somos maiores do que isso e que é apenas uma fase que vai passar rapidinho porque a força da sabedoria e conhecimento são maiores”, enfatizou a monja.

Coen também falou que espera que o ex-presidente Lula seja liberto porque ele representa algo “temido”. “Ele é temido porque é um ser bom, digno, e por isso ele é temido por aqueles que não chegaram àquele patamar. Quanto mais quieto ele fica, mais sábio ele fica”, reforçou. Ela também disse em entrevista que Lula pediu para que ela o ensinasse a meditar durante a visita dela na prisão. “Então fizemos meditação juntos e foi agradável”.

O que Coen diria a Bolsonaro?

A monja disse que ouve algumas palavras do atual presidente Jair Bolsonaro e que ela rejeita. “Depois eu penso: ‘de onde ele veio? que educação ele teve? qual o olhar que ele tem para a realidade?’ eu não sou melhor do que ele, eu tenho um olhar e ele tem outro”, disse.

Coen também falou que se pudesse dizer algo ao presidente seria: “O que você tem feito de bom para os nossos seres? Será que o senhor pensa realmente no bem da população? Nas pessoas que são excluídas? Nas relações homoafetivas que o senhor parece contrário? Será que o senhor percebe que são seres humanos importantíssimos?”, questionou.

Ela disse que também questionaria ao presidente se “Jesus não aparece nessas formas disfarçadas?”. “Será que o senhor está seguindo os ensinamentos de Cristo verdadeiramente? Se você segue a Jesus precisa ser um exemplo de acolhida, de amor, de respeito no mundo, e não de exclusão. A ideia de que ‘estou protegendo uma família dita pelos homens não existe mais’. Estamos em outro momento da civilização, mas ele representa uma ala que está crescendo novamente, mas assim como ela cresce, ela vai puxar”, afirmou.

Segredos para meditação

De acordo com Coen, o segredo para meditar é a respiração consciente. “Parece um nada, mas nós não podemos controlar emoções, e é natural. Mas o que você faz com isso que é diferente. Quando você respira sua raiva e pensa em meios hábeis, você está fazendo uma transformação mais orgânica”, finalizou.

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