Arapiraca 95 anos:Cultura do fumo volta a crescer e reaquece a economia local

01/11/2019 11:37 - Roberto Gonçalves
Por Roberto Gonçalves com assessoria
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No ano em que Arapiraca completa 95 anos de Emancipação Política, a fumicultura, que impulsionou o crescimento do município, está em alta novamente.

O principal atrativo para o aumento na área plantada foi o preço alto, por causa dos baixos índices pluviométricos, nos últimos anos, que acarretaram safras bastante reduzidas.

“Houve um aumento de 30% e a área plantada está em torno de 8 mil hectares, apenas em Arapiraca”, explicou a Superintendente de Agricultura, Fabiana Fontes.

“Quem já tinha plantação aumentou a área plantada, quem não tinha, resolveu começar. Teve gente que investiu até na irrigação, mas nem precisou usar. Algumas pessoas nem vivem da agricultura, mas tem uma propriedade e resolveram investir na plantação.” disse o Agrônomo, João Batista, Técnico da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Arapiraca.

Para a alegria daqueles que investiram nas plantações de fumo, este ano, a chuva acima da média favoreceu a lavoura.

As medições da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Arapiraca mostram que de janeiro a dezembro do ano passado choveu 710 mm em Arapiraca. Esse volume foi ultrapassado em agosto deste ano.

Aqui em Arapiraca a maior concentração de plantio de fumo fica nas regiões da Vila Bananeira (Piauí, Laranjal, Terra Fria e Bálsamo), Vila São Francisco (Fernandes, Capim, Serrote, Lagoa Cavada e Mundo Novo e Vila Aparecida (Genipapo, Lagoa D’água, Poço da Pedra, Oitizeiro e Baixa do Capim).

“Esse aumento torna-se atrativo para os agricultores, pela possibilidade de incrementar a renda. Se trata de oportunidade de mercado, pela baixa oferta e estoque de fumo, em decorrência dos últimos anos, com baixa precipitação e chuvas escassas e irregulares, que prejudicaram a produção de culturas agrícolas de sequeiro, que é o caso do fumo. Assim, diminuindo a oferta e aumentando, consequentemente, a demanda. E prevalecendo a lei da oferta e da procura, que favorece o aumento de preço no mercado do produto”, concluiu a superintendente.

O preço está em torno de R$ 20,00/kg, mas esse valor só vai se consolidar mesmo, após o processo de cura, que ocorre em janeiro de 2020.

Capital Brasileira do Fumo

Localizada no coração de Alagoas, Arapiraca, ganhou notoriedade nacional na década de 70 e 80, ostentando o título de capital brasileira do fumo. O “ouro verde”, que era exportado para o mundo inteiro, proporcionou o sustento de milhares pais e mães de famílias, assim como o enriquecimento de vários fumicultores, que chegaram a acumular fortunas no auge da produção. No início dos anos 90, com o declínio da cultura fumageira, a Agricultura familiar ganhou espaço com o cultivo das hortaliças.

O fumo exerce um papel importante para a economia de Arapiraca e região. A feira de fumo é a prova disso. Uma vez por semana a feira do bairro baixão é tomada por pessoas que vão até lá para vender e comprar fumo. Alguns são produtores rurais. Outros negociam para guardar e esperar o produto ganhar preço para revender. O preço do quilo do fumo varia de acordo com a qualidade do produto, que é decidida pelo tipo de folha comercializada. E para comprar não basta ver ou tocar, o olfato é muito importante na hora de fechar negócio.

Quem também depende desse mercado são os cabeceiros, homens que carregam os rolos de fumo na cabeça. Alguns trabalham por conta própria, outros prestam serviço aos produtores.

Nos anos dourados da cultura, entre as décadas de 70 e 80, a área de plantio chegou a 40 mil hectares. A produção começou a diminuir nos anos 80 e 90 por diversos fatores, entre eles as campanhas antitabagistas e o contrabando do fumo que reduziu a procura de compradores. Todos esses fatores levaram a derrocada da produção fumageira.

Por ser o município com grande produção, a cidade chegou a ostentar o título de capital brasileira do fumo e mesmo com a tendência de diversificação de culturas e com a diminuição do cultivo ao longo das décadas, continuou tendo lugar de destaque na agricultura da região. E agora comemora o ressurgimento da fumicultura.

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