Foi na praia de Itapuama, em Pernambuco, que o fotojornalista Leo Malafaia viu um menino saindo do mar coberto por um saco de lixo, com os braços manchados de óleo e no rosto, uma expressão de sofrimento. Leo registrou o momento através de uma foto, mas não sabia era que aquela foto iria viralizar a ponto de ganhar destaque nos principais veículos e agências do mundo: Clarín (Argentina), New York Times (EUA), SVT Nyheter (Suécia), Hamshahri (Irã) e a Agência France Press (AFP).
O fotógrafo contou ao blog que no dia da foto estava trabalhando pela Folha de Pernambuco e, ele e a equipe receberam a informação de que na praia de Itapuama, a situação das manchas de óleo estava bem mais complicada. “Fomos pra lá. Quando cheguei, realmente estava bem complicado. Tinha muito voluntário e pouco material de EPI. As coisas eram muito improvisadas, porque os equipamentos estavam chegando aos poucos”, contou.
Leo começou a fotografar a ação dos voluntários e se deparou com uma jangada transportando o óleo que estava preso nas pedras da praia. Foi lá que estava Everton, a criança nordestina fotografada por Malafaia.
"Comecei a acompanhar e fotografar o barco primeiro da areia, depois entrei um pouco mais na água. Everton saltou do barco junto com outra pessoa e voltou pra areia da praia, foi quando fiz a fotografia que viralizou. Sabia que tinha feito uma boa fotografia, mas não sabia que ia viralizar desse jeito”, disse Leo ao blog.
Publicada nas redes sociais do próprio fotojornalista, a foto se espalhou rapidamente. Sobre a proporção que a imagem ganhou, Malafaia acredita que "a foto representa bem a situação, o descaso do poder público e a força que a população nordestina tem".
Para ele, “a fotografia mostra o que realmente estava acontecendo nas praias sem romantizar o voluntariado". "Que era algo que vinha sendo feito”, falou.
Segundo ele, o feedback foi positivo, mas também vieram alguns ataques que questionaram as crenças políticas dele e disseram que a foto foi ‘parcial’. “A polarização no Brasil insufla o pior nas pessoas. Acho que a fotografia mostra uma realidade que as pessoas se recusam a ver e acreditar. Mas cumpri com meu papel enquanto fotojornalista. Recebi ataques questionando as orientações e viés político dos meus familiares e minhas. As pessoas, ou melhor, os perfis fakes afirmaram que minhas crenças políticas tornaram a foto parcial”, ressaltou.
A foto Everton Miguel dos Anjos, de 13 anos, rodou o mundo inteiro e mostrou a tragédia nas praias nordestinas. Porém, para Leo, a foto mostra que “é uma criança atuando onde o Estado deveria estar”. “Por si só, já é um absurdo”, finalizou.
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