O Instituto Zumbi dos Palmares (IZP), onde Miguel  Torres era servidor efetivo,  publicou uma emocionante homenagem, onde destaca o humor peculiar do jornalista e sua personalidade harmoniosa:

Miguel, um jeito único de ser ele mesmo
Cada pessoa tem um DNA, aquilo que a distingue de qualquer outra e a faz única no universo inteiro. O jornalista Miguel Torres – nosso companheiro de jornada, nas emissoras do Instituto Zumbi dos Palmares – tem uma risada peculiar, sabida de todos, que denuncia sua presença e contagia até os mais sisudos e mal humorados. De longe, a gente já sabe que ele chegou!
É assim que se faz apresentar, como quem entrega um cartão de visitas ou anuncia a estreia de um grande espetáculo: a vida. É dessa forma que ele transforma a atmosfera dos ambientes que o recebem, retribuindo o acolhimento com esse som muito próprio, com um olhar de ternura que mais parece abraço. A silhueta enorme disfarça bem a criança matreira que adora cometer ingênuas travessuras. Aliás, é bem possível que Miguel tenha ficado tão grande para poder abrigar o coração gigante.
E então a prosa fica fácil, todos os nós se desatam e as rodas se animam, na voz de trovão. Quem não tem uma história pra contar, sobre o convívio com ele? Quem nunca chorou de rir com suas narrativas espirituosas, arrematando os assuntos com finais hilários? 
Tem lá suas dores, como é humano tê-las. Mas elas não transbordam em seu entorno, na forma de amargura e aspereza. Entre um dissabor e outro, a gargalhada revela pactos de cumplicidade com a vida e o infinito desejo de estar feliz e partilhar pequenas e grandes felicidades. Foi assim que entrou na sala de cirurgia. Apesar dos riscos, já conhecidos e aceitos, posou para a foto, sorriso no rosto, os dedos em sinal de paz & amor.
Sem dúvida, Miguel é uma criatura de soluções simples e harmônicas, daquelas que agregam e criam pontes. Uma dessas soluções surgiu quando os três filhos mais velhos começaram a cobrir as paredes de casa com desenhos em lápis de cor e giz de cera. A traquinagem impedia qualquer projeto que incluísse manter as paredes limpas. Mestre na arte da mediação, Miguel fez uma proposta irrecusável: “vocês escolhem uma das paredes e podem riscar à vontade, mas só aquela, hein?”. Trato feito, trato cumprido. A bagunça foi organizada; a paz restabelecida.
Mas que não se tente enquadrar o Miguel em qualquer padrão, ele não cabe em nenhum. Que não se pretenda colocá-lo em caixinhas e gavetas de arquivos. O grandão caminha por espaços inusitados. Move-se, com seus passos pesados e lentos, por labirintos que misturam magia e simplicidade. Gentileza e carisma. Cultiva sua própria maneira de amar, respeitando todas as outras.
Mas o melhor é que, por tudo isso e mais o que não coube nessas linhas, ele nos conquistou de forma incondicional e definitiva. Abriu trincheiras em nossos corações, carimbou imensa afeição em nossas vidas. Eis o porquê da imensa saudade que nos surpreende e entristece.
Ah, Miguel, finja que vai ali, na copa, e volta já já, para a redação, com uma caneca de café fumegante, uma garrafinha de água e uma gargalhada. Se não for possível, companheiro, saiba que sua passagem deixa afinadas notas de amor, entre nós. E é em nome dele que vamos cuidar de sua memória e do seu legado. Vai com Deus, que haja luz e sabedoria por essas novas veredas.

Fonte: #InstitutoZumbidosPalmares