Embora muita gente acredite que Renan Calheiros (MDB-AL) está fadado a cumprir o seu quarto mandato de senador no baixo clero, ele continua sendo uma voz bastante solicitada e ouvida, apesar da perda de poder, esteja onde estiver.

Extremamente experiente, dificilmente erra em suas declarações em suas redes sociais ou em entrevistas. No Twitter, por exemplo, publicou e dirigiu, nesta quinta-feira (10), um míssil em direção ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que corre o risco de ser impedido de advogar:

“A chicana de Rodrigo Janot desmoraliza sua doutrina. No passado, pediu a minha prisão acusando-me de obstrução. A PF desmentiu e foi obrigado a arquivar o feito. Agora, ele quer fugir da punição na OAB. Isso sim é obstrução. A Ordem acerta ao continuar o processo”. Leia aqui na íntegra.

E nesta sexta-feira (11), na Folha (leia aqui), faz uma avaliação precisa sobre aliados, o governo e adversários que, talvez, nem sejam tão adversários assim. É duro com alguns, ao mesmo tempo em que é realista. É crítico com outros, mas não tranca a porta definitivamente.

Isso é simplesmente política. Aceita quem quer e acredita quem quiser, mas é inegável que Calheiros usa bastante o que acumulou aos montes: sabedoria.

Vejamos:

1 – Lava Jato – Ele defende a criação de uma CPI sobre as mensagens divulgadas pelo The Intercept que relatam possíveis irregularidades nas investigações da Lava Jato. “Os diálogos da Vaza Jato falam por si só. Eles precisam ser investigados porque, se não houver uma responsabilização, vai acabar estimulando novas práticas em favor da impunidade”.

2 – Sérgio Moro – “O Moro tem uma formação intelectual fascista. Só isso justifica o que ele fez na eleição, na prisão do Lula, na condenação sem provas e na interferência no processo político. Acho que ele tem errado bastante no Ministério da Justiça. Sua vinda para a Esplanada acabou definindo um retrocesso institucional. Ele começou o governo querendo legislar por decreto".

“Moro está despojado hoje de qualquer condição técnica. Hoje ele é mais do que nunca um político. Quando juiz, ele era um político enrustido, porque liderou um projeto de poder”.

3 - Deltan Dallagnol - “É um caso típico de como a vaidade pode prejudicar alguém. Ele fez sempre um jogo político, defendeu a necessidade de um procurador ser candidato ao Senado em cada estado”.

4 - Rodrigo Janot - “O caráter homicida que ele desvenda no seu livro é uma coisa indicativa do que representou termos um psicopata à frente da PGR. Pela autodelação e autoflagelação que possibilitou naquele livro, ele é uma espécie de cadáver insepulto”.

5 – Jair Bolsonaro - “já dá para enxergar três Bolsonaros. Um das propostas econômicas, que não saem do lugar e não têm resultado. Tem o das declarações chocantes, preconceituosas e da radicalização ideológica. E você tem um novo, que é o que teve coragem de acabar com o corporativismo do Ministério Público, escolhendo um procurador-geral contra o próprio modelo. Você tem um Bolsonaro que, mesmo não concordando com a lei de abuso de autoridade, fez lá os seus vetos, mas não reagiu à deliberação do Congresso Nacional no sentido de rejeitá-los. Estou no campo da oposição, mas, se há um Bolsonaro com o qual você pode dialogar, é com esse.” 

6 - Davi Alcolumbre - “No Senado o poder mudou, mas está em boas mãos. O Davi tem surpreendido inclusive a mim. E eu tenho procurado colaborar, claro que com a cabeça de alguém que já foi quatro vezes presidente do Senado e passou por momentos tumultuados da vida nacional".

7 - Presidente do Senado - “Não quero, não vou ser candidato jamais. Eu já fui quatro vezes presidente do Senado. Ninguém na República foi cinco vezes”.

8 - Eduardo Bolsonaro Embaixador - “Essa indicação não pode ser apreciada sob o olhar do parentesco. Nós temos de fazer uma sabatina criteriosa, mas não dá também para antecipadamente fazer um veto. Teoricamente eu voto contra. Mas não posso definir posição antes de sabatiná-lo”.