Adeus Nostalgia: Abrace o novo!

05/08/2019 12:12 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Dentre as várias definições encontradas no dicionário, a nostalgia pode ser vista como uma saudade de algo que passou, de um estado de espírito, um desejo de voltar ao passado. Talvez como se naquele lugar de outrora estivesse o pedaço de uma felicidade que não encontramos para encaixar no quebra cabeça de hoje.

O cinema e a TV vivem há anos o fenômeno da nostalgia e tentam se aproveitar desse sentimento do público para garantir a audiência e fidelizar através da sensação familiar de receber de volta um amigo de outros tempos. Esse velho conhecido, na verdade, é a nossa versão mais ingênua, que se surpreendia mais com o que via na tela e tinha perfeita, ou quase perfeita, noção dos próprios gostos. 
Series como "Stranger Things" e "Cobra Kai" usam e abusam da nostalgia para nos atrair.
A produção da Netflix é um poço de referências aos anos 80 que desperta imediato sorriso naqueles que viveram a época. Com ele também vem uma espécie de orgulho passional e saudosista que passa a explícita mensagem: "você não sabe o que era bom".
Em "Cobra Kai" as marcas vão além das referências e configuram um verdadeiro resgate. Os personagens funcionam como o próprio espectador que acompanhou a saga do jovem Daniel San e seu oponente colegial Johnny Lawrence. Eles envelheceram com a gente e precisam lidar com as mudanças, transformações da vida e com a...nostalgia.
A quantidade de remake de longas e franquias famosas da década de 70, 80 e 90 que aportam nos cinemas não configura uma mera falta de criatividade dos estúdios. É a observação do mercado consumidor, perdido em gostos efêmeros e sem identificação com os novos produtos. É bem possível que as próximas gerações tenham como referência televisiva e cinematográfica obras que retratavam as lembranças de outra turma.
É a dita saudade de um passado que nunca viveu.
Steven Spielberg sintetizou um pouco desse sentimento em "O Jogador Número 1" (2018), em que um jovem foge da realidade infeliz participando de um jogo de realidade virtual repleto de elementos da cultura pop do passado. 
Falando como uma pessoa bastante nostálgica, eu adoro os filmes que trazem esses elementos, pois agem como uma fonte da juventude e proporciona o reencontro da criança, do jovem e do adulto na mesma pessoa, mas buscando uma visão mais ampla é preciso construir novas lembranças e dar continuidade ao tempo.
É preciso dizer adeus e abrir as portas para as novidades (com discernimento, é claro). E sinalizar para os produtores de cultura que estamos prontos para viver o hoje.

 

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