Stanley Kubrick, Stephen King e um dos melhores filmes de terror do cinema: "O iluminado"

31/07/2019 12:59 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Quando um renomado diretor de cinema decide adaptar um best seller da literatura de horror temos o nascimento de um clássico. Pelo menos essa foi a equação que uniu Stanley Kubrick e Stephen King, dois mestres em suas respectivas áreas de atuação, no terror "O Iluminado" (1980).

A história, tanto do filme quanto do livro, traz Jack Torrance (Jack Nicholson), sua esposa (Shelley Duvall) e o filho (Danny Loyd) para o hotel Overlook, onde ele acaba de ser contratado para trabalhar como zelador durante o rigoroso inverno. Nesse período, que dura 5 meses, o hotel suspende suas atividades e o zelador e sua família tornam-se as únicas pessoas do lugar, vivendo em completo isolamento.

Kubrick, com suas tomadas do alto, deixa claro para o espectador que os Torrance são pequenos demais para um lugar tão grande. O sentimento de opressão é crescente no corredores do Overlook e o silêncio é intercalado pela assombrosa trilha sonora escolhida pelo diretor.
Jack Nicholson entrega uma atuação marcante como o pai enlouquecido que caça a família com um machado na mão. Apesar de achá-lo exagerado, em performance por vezes overacting, Nicholson se entregou a loucura que Kubric pediu e está de fato assustador. Shelley Duvall em contrapartida é o pânico em pessoa. A atriz que relata ter comido o pão que o diabo amassou  sob a direção de Stanley, transpira pavor quando o pesadelo se inicia e ela precisa defender-se de Jack. O pequeno Danny Loyd pode não ser um prodígio, mas vê-lo andando de velocípede no Overlook ainda pode causar calafrios. 
O roteiro de Kubrick decidiu tomar rumos próprios em certo momento do longa. Fato este que irritou profundamente Stephen King, visto que a mágoa do autor resultou em diversas declarações pouco elogiosas ao filme.
Dentre as principais queixas está a insanidade nada sutil do Jack Torrance de Nicholson. Segundo King, seu personagem deveria sucumbir a loucura aos poucos, à medida que a influência do hotel o dominava. Ao ler o livro notei que outros pontos divergem bastante do que vi em tela, mas isso não retira os vários méritos de Kubrick e sua versão de "O Iluminado".
A direção de arte do longa é impecável e fruto do conhecido perfeccionismo do diretor. Algumas cenas, inclusive, ficaram marcadas definitivamente no imaginário do espectador. As gêmeas, o quarto 237 (no livro o quarto é o 217), o elevador que despeja um mar de sangue e o inesquecível improviso de Nicholson com o machado quebrando a porta do banheiro enquanto vestia a máscara da psicopatia. "Here's Johnny!"

Dessa forma Kubrick desfaz o mito que um livro é sempre melhor que sua adaptação cinematográfica e que a fidelidade ao material original é pré-requisito para o sucesso.

9.0 

P.S.: Próximo domingo estarei comandando um painel muito bacana no evento Comic Land, no Maceió Shopping, sobre as adaptações de Stephen King para o cinema e TV. Espero vocês!

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