"Turma da Mônica: Laços" chega aos cinemas em adaptação feita sob medida para as crianças, mas nem tanto para os adultos

05/07/2019 11:18 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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Mônica, Cascão, Cebolinha e toda  a turma criada por Maurício de Sousa embalou a infância de muita gente. Eu fui uma dessas crianças que se perdeu e se encontrou nas páginas dos gibis, numa época em que os smartphones, redes sociais e demais tecnologias não tomavam tempo e energia com a avalanche de informações rápidas dos dias atuais. 
Meu personagem favorito era Cebolinha, o pequeno garoto de camisa verde, cinco fios de cabelo e que sempre trocava o "R" pelo "L". Seus planos infalíveis ao lado amigo Cascão tinham como principal objetivo roubar o coelhinho Sansão, da valente amiguinha Mônica! A baixinha e dentuça (que ela não me escute) vivia as turras com o filho do Sr. Cebola, tinha uma personalidade forte e liderava toda a turma bem antes do termo "empoderamento feminino" ser tão repetido.

Durante décadas, vez ou outra, se ventilava a possibilidade de um filme live action adaptando a obra de Maurício de Sousa, e para a minha alegria o desejo tomou forma e o longa metragem ganhou o sinal verde.
A direção ficou a cargo do competente Daniel Rezende, do ótimo "Bingo: O Rei das Manhãs" (2017). Rezende baseou a produção na adaptação da história  em quadrinhos "Turma da Monica: Laços", um projeto que faz parte da coleção Graphic MSP, que traz releituras dos amados personagens de Sousa.

Na trama, a turma do Rua do Limoeiro, Mônica, Cascão e Magali, saem para ajudar Cebolinha, a procura de Floquinho, seu cãozinho de estimação.
Tecnicamente o filme é bonito e dá pra ver que a equipe se preocupou bastante em reproduzir o ambiente colorido idealizado pelo autor dos gibis. Maurício inclusive faz uma pequena, mas emocionante participação. Vê-lo na tela gera um agradecimento coletivo em forma de suspiros na sala de cinema.
O elenco mirim não faz feio, mas falta certa naturalidade na interação entre eles. Tudo parece demasiadamente ensaiado, contrapondo a espontaneidade que se espera de crianças aprontando travessuras.
Rodrigo Santoro faz curta aparição como o Louco, acrescentando magia ao tom lúdico do filme, que aposta em aventura e emoção.

Hoje, com o olhar de um adulto, não consegui me conectar com "Turma da Mônica: Laços". Não por se tratar de um filme infantil, visto que continuo adorando produções, como os belos trabalhos da Pixar, mas por enxergar um erro de alvo dos realizadores. A Turma da Mônica dos gibis tinha entre os grandes trunfos, o alcance do público de várias faixas de idade. Não era incomum ver crianças, adolescentes, homens e mulheres crescidos, compartilhando a leitura das revistinhas. Logo, não posso falar pelos pequenos que têm outra visão de uma boa tarde no cinema e certamente vão se divertir bastante, mas, com pesar no coração, acredito que entre os velhos leitores, carregados da nostalgia da infância, não deve funcionar, tampouco emocionar.

5.0

*Em cartaz nos Cinemas
 

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