Especial Quentin Tarantino: "À Prova de Morte" não resiste às críticas

01/07/2019 12:29 - Resenha100Nota
Por Bruno Omena
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"Grindhouse" (2007) foi mais um projeto da parceria entre os diretores Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, que já haviam trabalhados juntos na antologia de humor "Grande Hotel". A ideia aqui era homenagear as antigas sessões duplas de filmes de horror de baixo orçamento da década de 70. A estratégia de lançar dois filme em um era a forma de atrair público  aos cinemas e gerar lucro.

Em "Grindhouse", cada diretor ficou responsável pelo seu filme B., Rodriguez com "Planeta Terror" e Quentin com "À Prova de Morte". Lançados como filme único e separados com trailers falsos durante a exibição, os longas não emplacaram e o estúdio decidiu relançá-los separadamente meses depois.
No segmento de Tarantino o dublê Mike (Kurt Russel) leva o terror para jovens mulheres, enquanto dirige um carro à prova de morte, até que ele se depara com três garotas em busca de vingança.

A trama de "À Prova de Morte" segue a referência de "Faster Pussycat! Kill! Kill!" (1965), em que mulheres duronas assumem as rédeas da situação, se rebelando contra a opressão da vilania masculina.
A estética da produção tenta remeter as películas B dos anos 70, com sua falhas de continuidade, granulado da imagem, cortes abruptos e desregulagem do áudio. Tudo para fazer o espectador viajar pelo cinema marginal de pouca visibilidade, imprimindo estilo ao que na época acontecia por falta de recurso e técnicas.
Nesse quesito Tarantino foi feliz e certeiro, visto que a fotografia cumpre exatamente o papel proposto.
Entretanto, o diretor exagerou na auto-referência. À primeira vista, o espectador mais experiente na filmografia de Quentin, pode pensar que o longa foi realizado por um fã do autor de "Pulp Fiction" e "Kill Bill", tamanho o exagero dele em colocar sua assinatura em cada cena do filme. Pés em close, dança aleatória e muita conversa fora, nos dão uma sensação de dejavu quando não há a naturalidade habitual em inserir esses elementos de forma sutil em meio a personagens interessantes. 

Criado pra ser caricato, Kurt Russel interpreta o vilão Duplo Mike e tenta fazer o que pode, mas o roteiro não é dos melhores e, para mim, não funcionou a tática de ridicularizar o antagonista.
Por falar nisso, o longa conta com  uma sequência chocante envolvendo uma colisão de carros, orquestrada de forma bem gráfica.
Na segunda metade do filme, quando o plot da vingança se inicia acompanhamos uma alucinada perseguição automobilística entre o "bem e o mal", que dispensou  efeitos digitais, visto que Tarantino escalou a dublê de Uma Thurman em "Kill Bill", Zöe Bell, para interpretar uma das garotas e queria filmar a sequência à moda antiga.

"À Prova de Morte" não chega a ser um filme ruim, mas o longa de pior repercussão do diretor mostra que ele não está à prova de críticas.

6.0

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