Marcelo dos Santos Carnaúba, acusado de assassinar o empresário Guilherme Brandão, disse durante o julgamento, que acontece nesta quinta-feira, dia 13, no Fórum da Capital, que criou a versão do assalto para que a vítima fosse “socorrida mais rápido”.
Durante seu depoimento, o réu confesso afirmou que apesar de ter ido na época do crime à delegacia e ter até feito retrato falado de um suposto assaltante que teria invadido o estabelecimento e atirado em Guilherme que, após efetuar o disparo, “ao sair da sala e não ter encontrado ninguém, temi pela minha vida e também para que ele (Guilherme) fosse socorrido mais rápido, pois iria demorar até que eu explicasse que foi uma briga, uma discussão, foi muito mais fácil eu criar essa versão e a partir do momento que eu disse que foi assalto eu tive que manter essa versão”.
Ainda dentro do estabelecimento, após atirar em Guilherme, o acusado comentou que chegou a pensar que do lado de fora da sala poderiam estar alguns funcionários, “pois o barulho do tiro foi muito alto, mas como não vi ninguém envolvi a arma num pano, coloquei num saco e botei na casa do gerador e só então pedi ajuda”, declarou Marcelo Carnaúba.
O juiz Geraldo Cavalcante Amorim reforçou que todas as testemunhas serão ouvidas e que o julgamento “não deve terminar antes das 21h de hoje. Eu instruí esse processo em 2014 e uma parte em 2015, houve um "atraso na perícia e isso demandou tempo”, destacou o magistrado.
O crime
Guilherme Brandão foi assassinado dentro do seu bar no dia 26 de fevereiro de 2014. Marcelo Santos Carnaúba, gerente do bar e restaurante Maikai, confessou a autoria do crime e foi preso no dia 28 de fevereiro.
Marcelo dos Santos era gerente administrativo e financeiro do Maikai. De acordo com o inquérito policial, o proprietário da casa de shows desconfiou da falta de prestação de contas das transferências bancárias e outros procedimentos realizados por Marcelo e resolveu dar férias compulsórias ao acusado, que ao saber que seria mandado embora do estabelecimento e temendo as consequências pelos desvios de recursos financeiros pertencentes às empresas do grupo, planejou a morte de seu patrão e adquiriu a arma de fogo utilizada no crime.
Como parte do plano, Marcelo concedeu folga a alguns funcionários e a outros sugeriu que chegassem mais tarde no dia em que ocorreu o assassinato. Ao entrar na sala do acusado, Guilherme foi atingido por um disparo na nuca, pelas costas. Além de modificar a cena do crime, arrastando o corpo da vítima, Marcelo escondeu a arma na caixa de energia da casa noturna e avisou aos demais funcionários que havia acontecido um assalto.
Durante as investigações, Marcelo chegou a descrever a ação de dois supostos assaltantes, tentando caracterizar o crime como latrocínio, o que foi logo descartado pela Polícia, visto que nenhum funcionário teria notado a presença de pessoas estranhas no interior do estabelecimento.