Especial Quentin Tarantino: Nasce um novo clássico - "Pulp Fiction"
Depois de chamar atenção com "Cães de Aluguel" (1992), Quentin Tarantino mostra que não está para brincadeiras com sua antologia policial "Pulp Fiction" (1994).
Para muitos, inclusive, essa é a grande obra-prima do diretor, que traz histórias deliciosamente violentas e personagens que sacudiram a cultura pop.
Inspirada na literatura policial de bancas de jornal, em que o absurdo toma parte do enredo de crimes, mortes e sangue, "Pulp Fiction" ganhou a verborragia de Quentin, que não economizou em diálogos afiados e frases de efeito, que ainda ecoam no inconsciente popular. O diretor optou por uma narrativa fragmentada que funciona perfeitamente amarrando os núcleos de cada uma das histórias. São pequenos filmes dentro do mesmo que seguem o ponto de vista de seus personagens e Tarantino caprichou nas caracterizações.
Aqui temos pelo menos quatro nomes que despertam um interesse imediato do espectador. Butch, Jules, Vincent e Mia.
Bruce Willis foi escalado para dar vida ao boxeador Butch, em um segmento que finaliza numa cena bizarra na qual Tarantino mais uma vez brinca com o humor para quebrar sequências fortes.
O papel de Jules, um dos capangas do mafioso Marcellus Wallace, foi um apropriado presente para o ator Samuel L. Jackson, que não passou no teste para "Cães de Aluguel". Tarantino reparou a questão com um personagem de olhar penetrante e que decide se aposentar após vivenciar um "milagre". Ouvi-lo declamar a passagem bíblica de Ezequiel 25:17 antes de um tiroteio é dos momentos icônicos do longa.
Entretanto, não há imagem mais simbólica do que Mia Wallace (Uma Thurman) e Vincent Vega (John Travolta) chapados dançando um twist.
Uma, que se transformaria numa espécie de musa para o diretor, faz a esposa do temido Marcellus, na personificação da mulher que desperta fascínio na mesma medida que atrai problemas. Do outro lado da mesa, John Travolta ressurge do ostracismo e entrega sua melhor atuação desde os tempos que encarnou o homem comum da periferia que extravasava sua energia e curtia o momento de realeza aos sábados à noite na discoteca.
No ano seguinte a sua estreia, "Pulp Fiction" concorreu em sete categorias do Oscar para não testar dúvidas que Tarantino veio para ficar. Sobrou indicação até para Travolta. Apesar de não levar o prêmio de Melhor Filme, o diretor e seu parceiro Avary levaram pelo roteiro. Mas o grande mérito do longa foi o impacto que causou em tantas produções que vieram a seguir, transformando-o em um novo clássico.
Assim, com dois grande sucessos embaixo do braço e uma assinatura própria, que juntava as mais diversas referências, Quentin Tarantino de fato chegou para ocupar um lugar entre os gigantes da indústria.
9.0
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