Alardeada como um dos melhores produtos televisivos do últimos anos, "Chernobyl" (2019) de fato merece o prestígio que tem suscitado. A minissérie que se propõe a contar os bastidores do antes, do durante e do depois da explosão do reator nuclear de Chernobyl, é um grande acerto dos canais HBO.

Dividida em cinco episódios, acompanhamos os desdobramentos políticos que desempenharam papel decisivo durante a catástrofe. Conhecemos nomes até então desconhecidos, que têm a história intimamente relacionada ao ocorrido, seja no aspecto governamental, seja no âmbito humano daqueles que sofreram e padeceram pelo mal invisível da radiação.
Sem grandes astros em seu elenco a série deixa o protagonismo para o acidente nuclear e volta as atenções para os efeitos do evento. Stellan Skarsgard e Emily Watson são os nomes mais conhecidos.
Do lado de cá, como espectadores de uma história relativamente recente, é impossível não se impressionar com as decisões equivocadas do alto escalão soviético, que muitas vezes parecia mais preocupado em conter as informações que viriam a prejudicar a imagem da pátria, do que reduzir o estrago do reator.
As imagens que trazem o impacto da radiação no corpo de bombeiros, trabalhadores da usina e outros civis são chocantes e devem incomodar os mais sensíveis.
É lamentável ver como toda uma região sucumbiu à tragédia. Plantações, animais, pessoas. Até hoje a cidade de Pripyat está deserta, refém da radiação ainda sem data certa para desaparecer.

A fotografia pálida, de cores frias transmite o tom desesperançoso da minissérie, o design de produção nos transporta perfeitamente para os anos 80 e a direção faz um belo trabalho conduzindo o espectador à resposta que martela a cabeça da audiência e das pessoas retratadas em tela. 
O que é capaz de explodir um reator nuclear? 
Bem, podemos concluir que a mentira pode ser um gatilho terrível para grandes desastres.

9.5

*Disponível nos canais HBO

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