Quando uma nave misteriosa cai em uma fazenda do Kansas, um casal descobre um bebê entre os destroços e passa a criá-lo como filho, entretanto o jovem começa apresentar poderes sobre-humanos à medida que cresce e a família precisa lidar com as transformações.

Provavelmente vocês estão achando essa história bem familiar, e isso não é toa. "Brightburn - Filho das Trevas" (2019) é o novo filme de terror produzido por James Gunn, o diretor de "Guardiões da Galáxia", que traz uma versão sombria, repleta de sangue, da mitologia do Superman. Praticamente a história funciona como um exercício de imaginação sobre o que aconteceria se o famoso herói de Krypton viesse à Terra com a missão não de salvá-la, mas de dominá-la. 
A materialização dessa ideia resultou em um pesadelo gore de efeitos competentes e potencial para uma nova franquia, que poderia trazer versões bem pessimistas dos famosos heróis dos quadrinhos. O diretor David Yarovesky optou contar sua história de horror de forma bem objetiva e inevitavelmente a decisão implicou em pontos positivos e negativos.

No saldo favorável, o longa não cansa o espectador com subtramas dispensáveis ou personagens sem função. As sequências não se prolongam mais do que o necessário e os jump scares não chegam a irritar, porque, via de regra, há a entrega da ameaça ao final da cena. O elenco está bem afinado, com destaque para Elizabeth Banks, que interpreta a mãe jovem super poderoso Brandon (Jackson A. Dunn). O sentido de perigo é transmitido com eficiência em todos momentos que o garoto aparece e os últimos minutos elevam os níveis de tensão.  

Porém, apesar da virtudes, o longa tem suas falhas. Não há um aprofundamento nas relações entre os personagens principais, nem conflito emocional para o protagonista. Simplesmente o garoto aceita a mensagem alienígena e a missão de subjugar o planeta. Talvez seja um caso de possessão, mas não ficou bem explicado. Nem mesmo os anos convivendo com a família adotiva foi capaz de criar o mínimo dilema na mente de Brandon. Assim, perdeu-se uma boa oportunidade de dar mais densidade a obra. Ficou a sensação que o longa poderia ter trabalhado um pouco mais na transição maligna.

Como entretenimento e alternativa para aqueles que buscam a mistura do segmento de terror e o filão de heróis,"Brightburn - Filho das Trevas" é uma ótima opção. Não esperem algo nos molde de "A Profecia", clássico de horror de 1976. Apesar de algumas similaridades, a proposta é outra e isso não desqualifica a produção de James Gunn, de viés bem mais comercial. 

O longa ainda encerra de forma provocativa. Tenho certeza que a cena pós-créditos deixará muita audiência animada.

8.0

*Disponível nos Cinemas

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